A comunidade do Norte e Nordeste em Bento Gonçalves cresceu consideravelmente nos últimos anos, sobretudo com famílias em busca de oportunidades de trabalho. Tendo em vista esse significativo crescimento da população vinda desses Estados, um grupo de amigos e conhecidos criaram o Centro de Tradições do Norte e Nordeste (CTNN) com o objetivo de manter viva a cultura e tradição desses povos, bem como auxiliar as famílias a se instalarem na Capital Brasileira do Vinho. 

O CTNN foi fundado em 2021 por um grupo de amigos sendo concebido como um recanto de encontro da comunidade do Norte e Nordeste da região da Serra Gaúcha, no intuito de manter a preservação e valorização das culturas, dizeres e comidas típicas. 

“Nosso objetivo é criar um pedacinho do Norte e Nordeste no Sul do país, oferecer experiências culturais que abrangem música, gastronomia, cultura, fé e social. Muitos vêm em busca de trabalho e ficam longe de seus familiares, longe de sua cultura, de suas comidas típicas. Queremos aproximar essas pessoas do Norte e Nordeste e mostrar que somos um apoio para as dúvidas e carências deles em forma de uma grande família”, comenta o presidente do CTNN, Lincoln Gadelha. 

Com base nesse objetivo, o CTNN conta com uma diretoria, a qual é formada, no total, por 14 membros. A entidade sem fins lucrativos apoia diversas ações e eventos que já ocorrem no município e que são voltados para a comunidade do Norte e Nordeste, como a I Liga de Futebol Amador com times do Pará, do Maranhão e da Bahia, com a participação de 14 times, e festas da comunidade do Pará, que contempla gêneros musicais tradicionais do Estado como o tecno melody, arrocha, Piseiro, entre outros, e da comunidade do Maranhão, que conta com músicas de forró nordestino. 

Além disso, o CTNN organiza mensalmente a “Pelada dos Amigos”, na qual amigos do Norte, Nordeste e Sul se encontram para jogos amistosos, os quais contam com almoço em família. Na ocasião, os jogadores arrecadam alimentos para doação para instituições de caridade do município, como o Lar da Caridade. 

Conforme o presidente, o CTNN almeja ainda promover novos eventos voltados para esse público, como a Festa de São João, marcada pelas quadrilhas, comidas típicas, danças e muitos forrós; o Festival de Violeiros e Poetas do Note e Nordeste, como forma de agraciar a todos os cantores e poetas de ambos os Estados, contemplando, sobretudo, o repente (arte brasileira do improviso); e o Festival de Parintins, no qual ocorre uma cisão na cidade, que se divide entre os bois “Garantido”, cuja cor que representa é o vermelho, e o “Caprichoso”, representado pela cor azul. Eles são construídos com verdadeiros carros alegóricos e desfilam acompanhados por seus respectivos grupos.

“A importância de fomentar a integração é no intuito de manter a preservação e valorização das nossas culturas, dizeres, comidas típicas. Somos adeptos da rapadura, feijão verde, vatapá, acarajé, baião de dois, peixada, peixe frito, pato no tucupi, maniçoba, tacacá, caranguejo, açaí, bolo de macaxeira, bolo de milho verde, feijoada, panelada, buchada de bode, caipirinha. É importante também preservarmos nossa linguagem cultural, seja cearense, maranhense, baiano, paraense, pernambucano, bem como nossas músicas, como forró pé de serra, forró nordestino, axé, tecno melody, pagode, reggae”, detalha Lincoln. 

O CTNN, no momento, está em fase de cadastro para conhecer e saber onde as pessoas vindas do Norte e Nordeste se localizam em Bento Gonçalves, bem como saber suas necessidades e dificuldades para prestar o auxílio necessário. 

Auxílio para as famílias:

Além de ações de entretenimento, o CTNN se preocupa em prestar auxílio às famílias que chegam em Bento Gonçalves. “Estamos com um projeto junto a Feira do Emprego onde as pessoas do Norte e Nordeste, aquelas que estão desempregadas, podem ser encaminhadas para novas oportunidades no mercado de trabalho”, explica o presidente. 

A entidade conta com o apoio do poder público para a promoção de ações no município. O CTNN está em tratativas para conseguir um local para construir a sua própria sede, desta forma, centralizando seus eventos e ações em um só lugar. “Grande parte dessa abertura com o poder público nós devemos a nossa Madrinha do CTNN, Daniela Oliveira, uma amiga e apoiadora de nossas causas e nossos movimentos. Nossa maior demanda hoje é a doação de um terreno do poder público para construção da nossa sede, no estilo do CTG, onde possamos fazer nossos almoços e jantares, nossas festas, preservar a nossa cultura e nossas músicas, onde possamos festejar nossa alegria, nossa amizade e nossos familiares”, pondera. 

Conforme presidente, o terreno é o único empecilho para a construção da sede, uma vez que a mão de obra pode ser viabilizada por meio de conhecidos que trabalham na construção civil e através de mutirões, e com recursos oriundos de repasses de incentivo a projetos sociais.