Dados colhidos por pesquisadores da Universidade de Caxias do Sul (UCS) mostram que Bento Gonçalves está, aos poucos, crescendo economicamente. A 47ª edição da publicação do Centro da Indústria, Comércio e Serviços (CIC-BG), apresentada nesta segunda-feira, 26, no Bento Gonçalves Centro Empresarial, mostra que, apesar de a indústria ser o segmento que mais fatura (60,2%), foram o comércio e os serviços os responsáveis pelo crescimento da economia.
Enquanto a indústria manteve praticamente o mesmo desempenho do ano anterior (-0,4%), os outros segmentos cresceram 5,5% e 9,4%, respectivamente. O total faturado chegou a R$ 8,5 bilhões – R$ 206 milhões a mais do que em 2016 –, com a indústria sendo responsável pelo aporte de R$ 5,1 bi. Mesmo que os moveleiros venham tendo queda em sua participação dentro da indústria, ainda é o setor com maior valor adicionado fiscal (VAF), com 35,4%, seguido pelos setores metalmecânico e material elétrico (18,6%), vinícola (17,2%) e de alimentos (13,6%), que respondem por 85% do total. Todos eles tiveram pequenas quedas, enquanto os setores de embalagens e plásticos e de borrachas e pneumáticos experimentaram um incremento de participação, pulando de 4,1% para 5,9% no primeiro caso e de 3,6% para 4,4% no segundo.
No comércio, quem teve as maiores representatividades foram os ramos de alimentos e autosserviço (supermercados), com quase 25%, e matérias-primas e insumos, com 15%. Nos serviços, com base na arrecadação de ISSQN, a maior participação das atividades são as associadas à saúde e estética e aos serviços industriais, o que inclui a subcontratação, que respondem por 10,8% e 10,7%, respectivamente.
A arrecadação de impostos federais no município apresentou uma queda de 2,58%, caindo de R$ 961,7 milhões em 2016 para R$ 936,9 milhões. Porém, houve acréscimo de 7% na arrecadação dos tributos estaduais, passando de R$ 331,4 milhões para R$ 354,6 milhões. “Tal aumento ocorreu em função do principal tributo, o ICMS, que teve um acréscimo de 9,3%”, observa uma das responsáveis pelo estudo, a professora da UCS Cíntia Paese Giacomello. Quanto às receitas municipais, também houve acréscimo, na ordem de 6,09%, indo de R$ 337,6 milhões para R$ 351,8 milhões. Embora houve crescimento de 11% nas despesas, o superávit foi de R$ 30 milhões.
Balança comercial
Outro dado contribui para o crescimento econômico do município: o saldo positivo da balança comercial – ou seja, Bento está exportando mais do que importando. No ano passado, o município registrou o maior valor desde 2008, atingindo um saldo de US$ 42,9 milhões.
O crescimento nas exportações, na ordem de 17,2% – de US$ 69,2 milhões para US$ 81,1 milhões –, fez o município subir três degraus entre as cidades que mais exportam no Estado, abandonando a 29ª posição e atingindo o 26º lugar. Ao todo, são 91 empresas exportadoras, sendo 37 moveleiras, oito metalúrgicas e seis vinícolas – as demais são de diferentes setores. Uruguai, Colômbia, Japão, Argentina, Paraguai, Peru, Chile, Bolívia, Estados Unidos e Equador formam os 10 países que mais compram de Bento Gonçalves, representando 74,1% das exportações.
Já as importações, realizadas por 93 empresas de Bento, totalizaram US$ 38,3 milhões em 2017, 28,5% a mais do que em 2016. As principais compras foram para fontes de matéria-prima (53%) e para investimentos produtivos (34,4%).
Outros dados
- O polo moveleiro de Bento Gonçalves representa 23,2% do faturamento do município (RS 1,76 bilhão)
- O PIB per capita é de R$ 46,4 mil (2015)
- Os sucos de uva representam 58% das vendas das vinícolas no mercado interno
- A rede de ensino da cidade tem 96 estabelecimentos que empregam 3.217 pessoas
- Bento Gonçalves possui 10,2 mil estabelecimentos (PJs), ou seja, uma empresa para cada 11,2 habitantes
- Somadas, as poupanças dos bento-gonçalvenses alcançam R$ 1,33 bilhão (2016)