Eu, Marcelo Dargelio Maciel, 48 anos, morador de Bento Gonçalves há 15 anos, venho aqui, por meio desta coluna digital, declarar o meu amor pela Capital do Vinho. Uma cidade que ao longo deste tempo me permitiu uma nova perspectiva de vida. Ser empregado e, posteriormente, dono do meu próprio negócio. Essa é uma terra de oportunidades, de pleno emprego, onde só não trabalha quem não quer. Muito além disso. Permite que você torne-se um empreendedor, buscar qualificação em diferentes áreas e aprimorar-se constantemente. Não fosse assim, não teríamos atualmente mais moradores oriundos de outras cidades do que nascidos aqui. Somos um município onde o nível de exigência é alto, porque o trabalho e o empreendedorismo estão no DNA de nosso povo.
Dizer que não há racismo por aqui, seria uma incoerência e eu estaria mentindo. Mas, assim como em todas as cidades desse país, ele está presente e deve ser combatido. Mas, como um homem negro, preciso deixar meu depoimento que nunca tive problemas em vencer na vida em Bento Gonçalves. As oportunidades existem, NÃO SÃO FÁCEIS, mas é preciso querer muito mais do que apenas usufruir de uma situação. Porém, as coisas NÃO SÃO FÁCEIS na Capital do Vinho para TODAS AS PESSOAS, sejam elas brancas ou negras. Temos alguns problemas, sim, como qualquer município, mas temos orgulho de sermos uma das melhores cidades do Brasil.
Nossa condição de cidade próspera não pode mudar, mesmo com o fato lamentável e condenável que ocorreu com os 207 trabalhadores resgatados pelo Ministério do Trabalho. É preciso fazer um esforço conjunto para que situações como essa não aconteçam nunca mais e a dignidade trabalhista seja garantida para todas as pessoas.
Mas, também, é preciso continuar amando a nossa Bento Gonçalves. Mais do que isso, declarar o nossa amor por esta terra, feita de pessoas trabalhadoras, hospitaleiras em sua maioria e que dá oportunidades a todos que queiram realmente vencer na vida.
O senhor Pedro Oliveira Santana deve um pedido de desculpas a Bento Gonçalves
Assim como eu, o senhor Pedro Augusto Oliveira Santana, 45 anos, também veio para Bento Gonçalves para vencer na vida. Empreendeu e se tornou um grande fornecedor de mão de obra para as empresas de Bento e região na última década. Mas qual foi o custo desse sucesso e empreendedorismo? Quantas pessoas, além dos 207 trabalhadores resgatados pelo Ministério do Trabalho, tiveram algum problema ao trabalharem para suas empresas? Não imagino há quanto tempo ele vinha praticando esse tipo de coisa por aqui, mas sei que este senhor precisaria vir a público e pedir desculpas para a cidade que o acolheu tão bem ao longo de tanto tempo. Seja com a Oliveira & Santana, ou com a Fênix Serviços, o ato cometido pelo grupo que estava à sua volta manchou o nome da Capital do Vinho de uma maneira cruel e covarde. Até hoje, o senhor Pedro, ou alguém da empresa, não deu algum tipo de explicação. Parecem não estar interessados em reparar o dano causado e a exposição e retaliação em que colocaram as vinícolas Salton, Aurora e Garibaldi para o Brasil inteiro. Seguem escondidos, esperando a poeira baixar, enquanto muitos de nós está se expondo para defender nossa cidade e nossos princípios.
Esportivo está voltando à Segunda Divisão
E o Clube Esportivo vai voltando a passos largos para a Divisão de Acesso. Num dos campeonatos mais fáceis de se manter, o Alviazul foi incompetente ao extremo. Uma vitória em casa talvez fosse suficiente para manter o time na elite do Gauchão, mas nem isso conseguiu. O clube se apequenou de uma forma nunca vista anteriormente. Demonstrou uma falta de preparo quase inacreditável. A derrota de 3 a 1 para o Juventude praticamente sacramentou a queda do nosso Tivo, pois é difícil acreditar que esse time vá ganhar do Internacional em Porto Alegre. Mas, mesmo que ganhe, o São Luiz precisa apenas vencer o lanterna Aimoré, jogando em casa, para seguir na elite do Gauchão. O Esportivo teve todas as chances do mundo para ficar na Série A. Era só ter feito o mínimo, mas nem isso o fez. O ano de 2023 do Alviazul é realmente para esquecer.