Ao contrário dos 207 trabalhadores que foram resgatados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) na semana passada em Bento Gonçalves, os 24 trabalhadores encontrados em um alojamento irregular na cidade nesta quarta-feira, 1º de março, não estavam em situação análoga à escravidão. Eles apenas não receberam os pagamentos da empresa Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde LTDA referente ao acerto dos cinco meses de trabalho no apanhe de frangos e na safra da uva. A Delegacia Regional do Trabalho está intermediando estes pagamentos.
As condições no alojamento em que estes 24 homens estavam era bem diferente da encontrada na Pousada do Trabalhador, na Rua Fortunato João Rizzardo, no bairro Borgo, em Bento Gonçalves. Neste local, interditado apenas porque não tinha alvará de funcionamento, eles tinham cozinha para preparar sua alimentação e livre trânsito. Além disso, o grupo de trabalhadores era que fazia o pagamento mensal do aluguel aos proprietários do imóvel.
Segundo informações apuradas pela reportagem do NB Notícias, a empresa Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde LTDA, por meio de seu diretor administrativo, Pedro Oliveira Santana, teria ficado de realizar o acerto dos pagamentos na terça-feira, 28 de fevereiro. A empresa vinha pagando mensalmente o salário destes 24 trabalhadores. Eles teriam chegado a Bento Gonçalves no mês de outubro, para trabalhar na safra da uva, mas foram colocados para realizar o apanhe de frangos. Lá eles ficaram trabalhando três meses, sendo posteriormente deslocados para a safra da uva nos meses de janeiro e fevereiro.
Um dos responsáveis pelo alojamento interditado não chegou a receber o valor do mês de fevereiro, justamente porque Pedro Santana não teria pago os trabalhadores. "A única irregualridade que cometemos foi não ter encaminhado o alvará. Não tivemos nenhum problema com os trabalhadores, que sempre cuidaram do espaço e também pagavam direitinho o aluguel. Agora que eles foram retirados daqui, não sei quando vamos receber", revelou o homem que estava no imóvel logo após a retirada dos trabalhadores no local na noite desta quarta-feira, 1º de março.
Trabalhador relata dificuldades em receber o acerto
Quando a reportagem do NB esteve no alojamento do bairro Progresso, encontrou um dos trabalhadores que não conseguiu receber o acerto com a empresa Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde LTDA. Ele veio da cidade de São Domingos, interior da Bahia, e estava trabalhando há 5 meses com a empresa, no apnhe do frango e depois na safra da uva. Como ele tinha certificado NR 33 para epsaços confinados, acabou trabalhando dentro de uma vinícola e não diretamente na safra.
O trabalhador explicou que entregou a carteira de trabalho para Pedro Santana, mas não sabe informar se ele chegou a assiná-la. Nesta segunda-feira, 27 de fevereiro, a empresa tinha ficado de realizar o acerto com ele, algo que não aconteceu. O trabalhador destaca que já arranjou outro emprego na cidade, mas não consegue retirar a carteira na empresa. "Ele (Pedro) não responde aos meus chamados e não atende as ligações. Tenho que mandar dinheiro para meus filhos na Bahia e não consigo receber. Não quero nada mais que os meus direitos e seguir trabalhando aqui na cidade. Não tive problemas aqui", revelou o trabalhador.