Há pelo menos cinco anos, o município de Bento Gonçalves vem apresentando superávit em seus resultados financeiros. Em 2022, mais uma vez, esse número passou dos R$ 100 milhões. No total R$ 115 milhões, sendo R$ 37 milhões em recursos livres, que significa que o município pode utilizar como quiser. O prefeito Diogo Siqueira, assim como seu antecessor, Guilherme Pasin, parece imitar o Tio Patinhas, personagem da Disney que guardava dinheiro e não utilizava. Temos obras importantes esperando para serem concluídas, como o Complexo Hospitalar de Bento Gonçalves. Será que destes R$ 37 milhões em recursos livres (não vou nem falar dos R$ 115 milhões), a prefeitura não poderia ter investido R$ 17 milhões para terminar aquela obra, que se arrasta por vários anos? Se tem tanto dinheiro, por qual motivo as obras do bloco cirúrgico estão paradas desde agosto de 2022? Fale com qualquer prefeito e ofereça R$ 37 milhões para ele gastar como quiser e você verá a alegria que ele vai ficar. Claro, temos que gastar com parcimônia, mas a prefeitura não é uma empresa, onde tem que sobrar tanto dinheiro assim. É preciso repensar este modelo de gestão, onde muita coisa poderia ser feita pelo nosso cidadão e não é realizada, em prol de uma economia de gastos que não leva a lugar nenhum. Com este montante, dava para fazer muito por quem precisa e ainda fechar o ano com superávit.
Pelo fim das notas nesse assunto de situação análoga à escravidão
Sabe aquele ditado que diz: quanto mais mexe, mais fede! É, meus amigos, está na hora de deixar a poeira baixar nessa questão da situação análoga à escravidão. Nós, que moramos aqui em Bento Gonçalves, sabemos que os horrores sofridos pelos trabalhadores se resumiram ao alojamento e não condiz com o tratamento que recebem nas propriedades rurais e também nas vinícolas. Porém, algumas notas que estão sendo divulgadas e manifestações públicas em vídeo trataram de jogar gasolina no incêndio. Esqueceram das pessoas e pensaram somente nas empresas. Eu mesmo, como diretor do NB Notícias, fiz questão de fazer uma reportagem falando que não há ligação direta das vinícolas com os casos de escravidão, mas a violência cometida contra os trabalhadores não pode ser esquecida e passar impune. Lembrem-se, mais do que empresas, há pessoas envolvidas em tudo isso.
Agiotagem e policial da Brigada Militar no esquema de coação aos trabalhadores
A cada dia que passa, surgem denúncias mais fortes que vão fazer a Polícia Federal chegar a mais envolvidos no caso análogo à escravidão envolvendo trabalhadores baianos e gaúchos. Um dos gaúchos que eram mantidos no alojamento revelou que um homem, que seria sargento da Brigada Militar ou, pelo menos, se apresentava como tal, era o responsável pelas intimidações e agressões aos trabalhadores, junto com mais homens. Ameaças de morte, choque e agressões com socos e chutes. Em uma gravação, onde o trabalhador não sabia que estava sendo gravado, ele dá detalhes do que acontecia dentro da tal "pousada do trabalhador". Outro homem, que é proprietário do imóvel, realizava agiotagem com os trabalhadores. Emprestava R$ 100,00 e cobrava R$ 200,00, pagos quando eles recebessem. Muitos nomes ainda precisam aparecer para que tudo fique esclarecido. Tem gente grande envolvida e lucrando em cima da vinda destes trabalhadores pra cá. Isso que ainda não foram analisados aqueles que estão trabalhando nos frigoríficos.
E a fiscalização da prefeitura, onde estava?
Experimente encaminhar um projeto para abrir uma pousada na prefeitura de Bento Gonçalves. Você terá que cumprir várias exigências sanitárias e também atender a várias questões burocráticas. E tem que ser assim mesmo. A "pousada do trabalhador" não precisou nada disso e tem seu alvará concedido desde 2018. De lá pra cá, só foi fiscalizada durante a pandemia do coronavírus, foi multada e até hoje o proprietário não quis saber de pagar a multa aplicada. As condições insalubres do local passaram batidas pelo poder público e a fiscalização, ao que se sabe, não aparecia por lá. Na Rádio Gaúcha, o prefeito Diogo Siqueira foi questionado pelos repórteres, como que o poder público não sabia que isso acontecia em plena área urbana da cidade. Será que não sabia, ou não queria ver?
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