Um morador de Bento Gonçalves é um dos oito neonazistas presos em operação realizada pela Polícia Civil de Santa Catarina. Ele foi capturado na segunda-feira, 14 de novembro, acusado de fazer parte da célula neonazista catarinense, mas teve o nome divulgado apenas no final de semana, com mais sete integrantes da organização. As informações são do portal G1.
De acordo com o delegado Arthur Lopes, a operação foi realizada de forma sigilosa pela Polícia Civil na cidade de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis. Os oito homens presos estavam em uma reunião anual de uma célula neonazista. A cidade catarinense foi escolhida para o encontro por ser a primeira colônia alemã em Santa Catarina, instalada em 1829. Ao chegarem no sítio em que se reuniam, a polícia encontrou os oito homens. No local, com eles, foram apreendidos revistas, panfletos e outros objetos com símbolos de grupos supremacistas.
O morador de Bento Gonçalves foi identificado como sendo Saiuri Reolon. Segundo a Polícia Civil, ele vinha sendo monitorado pelos policiais há alguns meses. Foram encontradas fotos de Reolon com uma pistola e uma bandeira nazista, fazendo saudação a Hitler. Reolon seria empresário do setor textil em Bento Gonçalves.
As investigações apontam que o grupo age com forte exaltação à ideologia fascista e apologia ao nazismo. Entre os presos, havia o integrante de um grupo skinhead internacional, conhecido por ser intolerante e de extrema direita. A polícia não confirmou qual dos presos seria o integrante do grupo internacional.
Quem são os oito neonazistas presos
Laureano Vieira Toscani - foi condenado por tentativa de homicídio após atacar um grupo de judeus em Porto Alegre, em 2005. Ele cumpria a pena pelo crime em liberdade e era monitorado por tornozeleira eletrônica. Ele usava o equipamento no momento da prisão.
Saiuri Reolon - segundo a polícia, ele aparece em fotografias sem camisa, portanto armas e fazendo saudações hitleristas diante de uma bandeira nazista, vive em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. Ele seria empresário do setor têxtil e tem antecedentes criminais por lesão corporal, homofobia e ameaças.
João Guilherme Correa - é personal trainer no Paraná. Ele já foi denunciado por duplo homicídio decorrente de uma disputa entre lideranças de células neonazistas na região metropolitana de Curitiba. O caso ainda não foi julgado.
Gustavo Humberto Byk - é morador de Eldorado do Sul e atua como gerente de loja. Ele tem passagem pela polícia por preconceito religioso.
Julio Cezar de Souza Flores Junior - também é gaúcho e trabalha como vigilante. No Rio Grande do Sul tem passagens policiais por receptação e porte de arma de fogo.
Igor Alves Vilaca Padilha - é mineiro e atua como engenheiro. No nome dele tem registrada uma empresa prestadora de serviços contábeis.
Miguel Angelo Gaspar Pacheco - seria de Portugal e também é empresário com atuação em São José, na Grande Florianópolis.
Rafael Romann - é catarinense, identificado como trabalhador autônomo e teria uma empresa de comércio varejista registrada no Paraná.
O que diz a defesa
O advogado Luís Eduardo de Quadros, que atua na defesa dos oito presos, disse ao G1 SC que "as conclusões extraídas até o momento não imprimem a realidade dos fatos". Confira a íntegra do texto enviado pelo advogado.
A defesa técnica dos investigados vem a público manifestar seu respeito ao trabalho policial, esclarecendo, no entanto, que as conclusões extraídas até o momento não imprimem a realidade dos fatos.
O processo tramita em segredo de justiça e será nele que a defesa irá exercer seu trabalho, nos estritos limites legais, de modo a produzir provas qualitativas capazes de formar a convicção do(a) juiz(a) quanto a inocência de todos.
O que se roga, neste momento, é que não sejam formados juízo de valor ou conclusões precipitadas, sem que os investigados tenham ainda exercido seu constitucional e legítimo direito de defesa.