Ciclistas, maratonistas e familiares de Eduardo Henrique Greggio, que faleceu após ser atropelado enquanto pedalava por uma caminhonete, cujo motorista estava embriagado, vão se reunir em um manifesto em prol da segurança e do respeito no trânsito. O evento, organizado por familiares de Eduardo e pelo grupo de ciclismo Alto Giro, com o apoio da Fundação Vida Urgente, ocorre neste sábado (5), às 15h30, no Complexo Administrativo de Bento Gonçalves, no bairro Cidade Alta. A manifestação vai percorrer 4 km até a Via del Vino, no Centro. 

 O objetivo da manifestação é promover a conscientização e não deixar o caso de Eduardo cair no esquecimento. Os familiares estarão reunidos, ao lado de ciclistas e maratonistas, pedindo justiça pela morte do ciclista. 

“Queremos fazer alguns movimentos para não deixar cair no esquecimento, porque é sempre mais um, pois ontem foi o Eduardo, amanhã pode ser um de nós. Queremos pressionar o Ministério Público para acatarem o homicídio doloso para que o caso seja encaminhado para júri popular”, pondera Graziela Cazer, irmã de Eduardo. 

O grupo de ciclismo Alto Giro se sensibilizou com a morte do ciclista e está auxiliando na realização do movimento, ajudando a mobilizar ciclistas e maratonistas de Bento Gonçalves e região. “Estamos ajudando a promover essa ação de conscientização para tentar diminuir o número de acidentes e promover a segurança no trânsito. Estamos apoiando para tentar mudar essa cultura e incentivar o respeito nas estradas”, afirma Jones Verlindo, um dos administradores da equipe, que conta com mais de três anos de atuação no município. 

A família está convidando todas as pessoas, sejam elas ciclistas, maratonistas ou simplesmente pedestres a abraçar a causa em prol da segurança no trânsito, para que casos como o de Eduardo não voltem a acontecer. “Estamos convidando ciclistas, todas as pessoas que estão na rua, seja por esporte, por lazer ou por diversão e que estão a mercê infelizmente de encontrar um carro, com um motorista alcoolizado, em alta velocidade, e que irresponsavelmente acabou com a vida de uma família”, salienta a irmã. 

Um dos ciclistas que fazem parte do grupo, Lúcio Dalmas, pondera que ações de conscientização devem ser realizadas com frequência e que é preciso “bater na mesma tecla” para haver uma mudança. “Estamos falando de um caso que é a embriaguez, mas também abordamos a questão do desrespeito no trânsito, que é pior, porque a pessoa está totalmente consciente do que está fazendo. Nós que estamos na estrada cansamos de receber buzinaços, o carro passa tirando um fino de você, chega perto e buzina, e eles não têm noção do susto que tomamos e que pode ocasionar um acidente, uma queda”, relata. 

Rudinei Poli, que está à frente do movimento, auxiliou nas tratativas para que o Departamento Municipal de Trânsito (DMT) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) estivessem participando do evento e oferecendo segurança às pessoas que vão realizar o trajeto. Conforme o grupo, são esperadas mais de 200 pessoas no manifesto. 

“Nunca fomos de nos expor. Desta vez vamos usar a nossa cara, a nossa voz. Se conseguirmos salvar uma pessoa no futuro para nós já está valendo. Queremos chamar a atenção do Ministério Público para que agilize o processo e conceda o júri popular acatando o homicídio doloso”, pondera Graziela. “Não é uma pessoa que perde a vida, perde a vida uma família, uma mãe, uma irmã, um filho de 5 anos, uma esposa, os amigos, os colegas de trabalho, acaba destruindo várias famílias”, complementa Mônica Greggio, esposa de Eduardo. 

Conforme o grupo, a intenção é realizar novas ações de conscientização no futuro, agregando também em cidades vizinhas como Garibaldi e Carlos Barbosa, que também contam com um número expressivo de maratonistas e ciclistas e que, aos finais de semana, saem para realizar os seus treinos pelas estradas da Serra Gaúcha. “Temos que fazer mais manifestações para tentar mudar essa cultura de desrespeito no trânsito que vemos nas estradas”, enfatiza Jones. 

Cobrança de políticas públicas e maior estrutura

Conforme participantes do grupo, a Serra Gaúcha carece de estrutura em suas estradas para comportar o tamanho do crescimento de modalidades como ciclismo e maratonas. Além disso, pelos acidentes recorrentes na região, que já motivaram outros movimentos em prol do respeito no trânsito, os participantes cobram maior participação do poder público em ações que visam conscientizar a população. 

De acordo com o maratonista Cristiano Ramos, os atletas buscam estradas do interior justamente pela carga de treinamento, uma vez que, na cidade, não há estrutura e segurança para fazê-la. “Quem tem demanda de treino, que busca altimetria e longos percursos, rodar aqui na cidade não tem como, não tem local e nem segurança. É difícil encontrar um lugar que te dê um suporte”, reflete Cristiano. 

Sidnei Postal, que também é participante ativo do grupo, ressalta que o poder público deve trocar experiências com quem utiliza as estradas do interior para a prática de esportes para realizar projetos que visam melhorar as vias. “Quando fizeram um projeto de ciclovia no Vale dos Vinhedos, não conversam com quem a usa, que são as pessoas. Não tem estrutura para comportar o crescimento da modalidade”, opina. 

Essas pautas serão debatidas no evento que, conforme os organizadores, será o primeiro de muitos que visam conscientizar a população a respeito da responsabilidade no trânsito para com os pedestres, maratonistas e ciclistas.