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Projeto proporciona diversão e carinho às crianças do bairro Municipal através do vôlei

Ex-atleta Ronaldo Royal promove a prática do voleibol no contraturno escolar para tirar as crianças das ruas e oferecer uma nova visão de mundo por meio do esporte.

12/08/2022 às 10h52 Atualizada em 16/08/2022 às 13h13
Por: Kevin Sganzerla Fonte: NB Notícias
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Foto: Kévin Sganzerla
Foto: Kévin Sganzerla

É segunda-feira, dia de projeto na Escola Municipal Félix Faccenda, no bairro Municipal. O ex-atleta de voleibol, Ronaldo Royal, chega na instituição de ensino carregando bolas de vôlei no horário de saída dos alunos. A cada sala que visita é abraçado por inúmeras crianças. Ninguém o deixa de cumprimentar enquanto passa pelos corredores. Ele coloca a rede na quadra e a gurizada, aos poucos, começa a chegar para a diversão. 

Mais de 40 alunos participam das atividades. Royal, apesar de ser o único professor, consegue dar conta da turma, relata a diretora da escola, Morgana Villa Bochi. Apesar da dura realidade que enfrentam, muitas delas em situação de vulnerabilidade social, sem comida na mesa, sem um banho tomado, sem um abraço em casa, não deixam de mostrar um largo sorriso no rosto enquanto se divertem no ginásio com uma bola de vôlei, ou apenas correndo em volta da quadra com os colegas. 

Foto: Kévin Sganzerla

Acima do aprendizado das técnicas do voleibol, o que mais é ofertado às crianças é amor e carinho. Além disso, entre os principais objetivos do projeto está em tirar as crianças das ruas e oferecer atividades que possam as desenvolver. “O voleibol é uma ferramenta para chegar à criança. O profissional tem que entender que o mais importante numa situação dessas é dar o amor para ela, dar um carinho. Nós chegamos na escola, as crianças saem correndo para te abraçar. Talvez seja o único abraço do dia. O vôlei é legal de ensinar, mas o mais importante é o amor para esses jovens”, explica Royal. 

O projeto “Novo Jogo” iniciou em 2021, aprovado junto à Secretaria de Assistência Social do Estado. Neste ano, no entanto, não houve aprovação de sua continuidade. Apesar disso, Royal, presidente da ONG Vivendo o Esporte, que conta com diversos núcleos na cidade e em outros municípios, permaneceu realizando as atividades na escola. 

“Eu faço uma doação até sair o projeto. A criança tem culpa de que o projeto não foi aprovado? Não. Eles não têm culpa se tem ou não tem dinheiro, eles querem atividades, querem chegar naquele momento e abraçar, brincar, se divertir conosco, então por isso faço essa doação. Eu ficarei aqui por vários e vários anos atendendo essas crianças. Essas crianças de 5 e 6 anos de idade, até o final do período escolar delas nesta escola, vão jogar vôlei comigo ali”, pondera. 

Foto: Kévin Sganzerla

As atividades não são voltadas exclusivamente aos alunos da escola. Crianças de outras instituições também participam dos treinos do projeto. O projeto no bairro Municipal atende jovens das mais diversas realidades, desde aqueles que sofrem ou sofreram violência ou que estão em situação de pobreza. “Tem de tudo. Tem filho de traficante, de pais separados, tem crianças que vivem com a avó ou em abrigos. É um lugar muito delicado e que nos exige um olhar especial, não só de nós que fazemos o esporte”, salienta. 

No projeto, muito além de ser um professor, Royal é um "espelho" para os jovens dentro de quadra. O ex-levantador, de 46 anos, natural de Guarulhos, conta com uma ampla bagagem em sua trajetória no voleibol, defendendo clubes de tradição no Brasil e na Europa, com passagens por Portugal e Itália. Na Seleção Brasileira, foi campeão Mundial Infanto-Juvenil em 1993 e campeão Sul-Americano Infanto-Juvenil e Juvenil, em 1992 e 1994. Hoje, o ex-atleta utiliza sua experiência para ensinar e fomentar a modalidade em Bento Gonçalves. 

“A escola é o antes e o depois com o Royal”, afirma supervisora. 

O projeto não se limita em proporcionar o esporte, amor e carinho dentro de quadra. Conforme a supervisora da escola, Luciane Piccin Comparin, Royal oferece a essas crianças uma nova visão do mundo. “´É uma oportunidade. Elas estão aprendendo algo que gostam e isso pode trazer o futuro a elas. Podem se tornar grandes jogadores. O grande apostador dessa ideia foi ele, que foi plantando a semente e hoje está aqui conosco. As crianças o amam. Ele está trazendo uma nova visão, uma oportunidade a elas”, comenta. 

Foto: Kévin Sganzerla

Conforme a diretora da escola, Royal é a figura masculina que as crianças precisam na escola. “Ele se tornou uma pessoa muito especial, tanto para nós como para os pais e para as crianças. Elas se sentem valorizadas através do esporte. Ele conseguiu muitas coisas para elas, além do carinho, da disponibilidade do seu tempo, de ajudar emocionalmente e também na educação deles”, relata Morgana. 

Apostar nas crianças, esse é o principal foco de Royal e das profissionais que trabalham na escola, uma vez que são colocadas muitas vezes de lado por estarem em uma realidade delicada no município. No entanto, como afirma a supervisora, os jovens têm um grande potencial, só lhes restam as oportunidades. 

Foto: Kévin Sganzerla

“Apostamos neles. Não são simplesmente crianças lá do Municipal, que muitas vezes são esquecidas. Não, elas têm muito potencial. O voleibol abriu um caminho imenso, e que bom que mais pessoas pudessem ver isso. Por isso que corremos atrás de outras oportunidades, pois potencial não lhes faltam. Eles são inteligentes, têm uma vontade de viver, de aprender que é incrível, apesar da realidade que vivenciam”, destaca Luciane.

 A ONG Vivendo o Esporte

A ONG liderada pelo ex-atleta Ronaldo Royal conta com inúmeros projetos sociais espalhados pela cidade. Atualmente, a ONG Vivendo o Esporte atende mais de 800 crianças em cidades do Rio Grande do Sul e de São Paulo. Na Capital Brasileira do Vinho, há núcleos na Escola Félix Faccenda, no bairro Municipal, no Ceacri Balão Mágico, no bairro Aparecida, na Associação Abraçaí, na Escola Bento, exclusivo para pessoas surdas, além de um núcleo em Pinto Bandeira. 

Atualmente, as atividades na escola Félix Faccenda ocorrem somente nas segundas-feiras, a partir das 17h. A instituição busca novas atividades de contraturno escolar para oferecer aos alunos e jovens do bairro. “Quem sabe no futuro não consigamos colocar uma outra modalidade esportiva, ou uma dança para que não se tenha só num dia, mas dois, três dias na semana com atividades”, salienta Royal. 

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