A Prefeitura de Bento Gonçalves protocolou um projeto de lei para a concessão de subsídio tarifário ao setor do transporte público. A medida tem como finalidade evitar o aumento das tarifas das passagens. Com um teto de gastos para o subsídio de R$ 2.282.175,00 até dezembro, a ação vai pagar R$ 1 real por usuário, no entanto, a passagem terá um desconto de 25 centavos, enquanto a diferença restante será compensada no aporte financeiro às empresas concessionárias.
Portanto, o valor das passagens será de R$ 4,75, porém, somente para quem faz uso do cartão Vino. Quem não possuir a bilhetagem eletrônica continuará pagando R$ 5 reais. As três empresas concessionárias (Bento, Santo Antônio e Monte Belo) terão o subsídio pago mensalmente conforme número de usuários. Como a empresa Monte Belo não conta com o sistema de bilhetagem eletrônica, seus usuários não serão beneficiados.
Conforme o secretário de mobilidade urbana, Henrique Nuncio, parte do valor será para “recuperar a operação do sistema”, que está em defasagem desde o início da pandemia por conta do aumento de despesas. “Pela elevação do valor do custo da operação, hoje a tarifa técnica está em R$ 7,93. É uma defasagem que vem há mais de um ano, desde o início da pandemia. Com a queda de usuário e com o aumento das despesas houve essa dilatação entre o que o usuário paga na catraca e o que ele deveria pagar. Proporcionalmente sim, parte do valor é para recuperar a operação do sistema, e os 25 centavos vai para o bolso do usuário”, explica.
O secretario comenta que o subsídio se faz necessário por conta do aumento de despesas e da diminuição de usuários do transporte público nos últimos anos. Conforme números da secretaria, em 2019 haviam 537 mil usuários, enquanto que em maio de 2022 o número caiu para 407 mil usuários. Atualmente, a média mensal é de 349 mil pessoas que fazem uso do transporte público.
Além disso, Henrique cita como fatores para o aumento das despesas o fato de que os empregados do transporte coletivo não contam com reajuste acima da inflação há dois anos, além do aumento de 110% no óleo diesel em relação a janeiro de 2021 até julho de 2022.
De acordo com o secretário, a opção em oferecer o desconto apenas para usuários com o cartão Vino é incentivar o uso da bilhetagem eletrônica. “Queremos fomentar os usuários a utilizarem o cartão pelo desconto para um maior controle do usuário no ônibus”, explica.
Horários subtraídos por conta da pandemia não voltaram à ativa
Diversas linhas foram subtraídas no período pandêmico por conta da diminuição de usuários. Porém, com a volta da normalidade na rotina da população, as rotas não foram retomadas. Por conta da expressiva diminuição de oferta de horários e linhas, a utilização do transporte público, ao contrário do objetivo da prefeitura com o subsídio, que é aumentar o número de usuários, está os distanciando do uso.
“Essas linhas que foram subtraídas por conta do período pandêmico foram retiradas justamente pela questão do equilíbrio econômico financeiro. A operação do sistema é a quantidade de usuários que tenho por quilômetro rodado, essa é a lógica, então quanto mais quilômetros eu rodo, a passagem acaba aumentando. Havendo esse debate com o legislativo, vamos ver a questão de quantos quilômetros a gente consegue colocar no sistema”, relata.
Paradas de ônibus deterioradas e abandonadas pelo poder público
Os abrigos de ônibus em Bento Gonçalves carecem de maior estrutura e, em algumas localidades, sequer existem para proteger o usuário da chuva e oferecer maior conforto. Enquanto a preocupação do poder público é com a modicidade financeira, a população ainda sofre com paradas de ônibus deterioradas.
Segundo o secretário, há uma licitação aberta aguardando a empresa vencedora para a construção de novos abrigos de ônibus. “Acredito que nos próximos dias vamos ter uma empresa vencedora e vamos identificar quais são os locais com maior necessidade”, comenta.
Conforme Henrique, serão instalados 50 novos abrigos em 2022. “Eu só não consigo fazer isso em sua totalidade, pois estamos passando por um processo licitatório em que os abrigos também farão parte do edital, então vai ser de responsabilidade ou das empresas que ganharem ou através da exploração comercial dos abrigos novos”, explica.