Muita gente conhece a dor deperder um bichinho de estimação, mas quando um animalzinho, por algum motivo, desaparece, esse sentimento também pode ser desolador: não saber como ele está, se está se alimentando e protegido, se foi acolhido por alguém ou se corre perigo na rua, sem comida e abrigo, são dúvidas que machucam.
Por três meses, foi esse misto de tristeza e preocupação que perturbou Mariana Silva, de 21 anos, desde que soube do sumiço da sua gatinha Megui, quando elas viviam em um apartamento no segundo andar de um prédio no bairro Progresso. De férias, Mariana viajou para visitar a família e a felina, de dois anos, ficou aos cuidados de uma amiga que morava com elas. Era final de janeiro. "Na sexta-feira, minha amiga mandou mensagem dizendo que a Megui tinha sumido. Provavelmente pulou da sacada. Como a gente ia se mudar logo, não achei necessário colocar tela”, conta a jovem.
Como ela voltaria para casa apenas na segunda-feira seguinte, ligou para um amigo e pediu que ele ajudasse a colar cartazes nos postes próximos. Quando retornou a Bento, eles continuaram a busca, entregando panfletinhos com a foto dela, e enviando o material em grupos do Facebook e do WhatsApp, mas ninguém sabia da gatinha.
As semanas passaram e nem sinal de Megui. Nesse meio tempo, Mariana perdeu o irmão em um acidente, e a tragédia familiar pesou ainda mais para quase fazê-la perder as esperanças de reencontrá-la. “Já estava triste por ela e ainda acontece tudo isso”, lembra.
Aproximadamente um mês de meio depois do desaparecimento, elas mudaram para uma casa na Eulália, bem distante do endereço anterior. “Então pensei: ‘não posso desistir’. Eu e minha amiga voltávamos lá de carro e ficávamos procurando por ela e perguntando para as pessoas”.
A persistência valeu a pena.Passados dois meses, veio a primeira informação que animou Mariana. “Um dia,minha amiga estava conversando com uma ex-vizinha e ela comentou que outra vizinha, da rua de baixo, estava alimentando um gato. Então, ela foi até essa casa e elas confirmaram que era a Megui. Só que ela aparecia em determinados horários apenas para comer”, recorda.
Mas o final feliz demorou ainda mais um pouquinho. Nos dias seguintes, Megui não apareceu, e a histórias e arrastou para o final do mês de abril “Voltamos lá, mas ela não tinha ido naquela semana. Deixamos o número de celular e passou mais um tempo, até que recebi uma ligação dizendo que a Megui estava em outra casa. Fomos até lá e finalmente encontrei ela! Estava no pátio, ficava me olhando e miando. Mas foi difícil de pegar, porque ela odeia caixinha de transporte. Ela pulou para o pátio do vizinho, fui lá, passei a mão nela, mas na hora de colocar na caixinha, ela escapou de novo”, relata Mariana.
Como estava anoitecendo, elas combinaram com a moradora de tentar atraí-la para dentro de casa e, então, colocá-la na caixa. Foram embora e meia hora depois, a mulher ligou dizendo que Megui, enfim, estava segura e podia ir para a nova casa.
Hoje, quase dois meses depois do reencontro e com a saudade superada, Mariana diz que não tira mais o olho de Megui. “Agora, está aqui toda faceira, dormindo novamente na cama comigo. Ela se acostumou a sair um pouquinho para fora, mas eu sempre fico cuidando. Ela dá uma voltinha e entra”, finaliza.