Rodeado de praticamente todo seu secretariado, o prefeito Guilherme Pasin promoveu uma entrevista coletiva, na tarde desta quinta-feira, dia 23, para falar sobre a renúncia de seu vice, Mario Gabardo, anunciada pela manhã. O chefe do Executivo municipal aproveitou a ocasião para rebater as críticas feitas a seu governo – mais cedo, de saída, Gabardo afirmou que um dos motivos para abandonar o cargo foi o não cumprimento de compromissos de campanha da coligação encabeçada pelos dois.

Em tom estritamente formal, Pasin destacou que,pessoalmente, perde “um companheiro”, “um senhor com uma grande trajetória política”, mas tentou amenizar a denunciada falta de diálogo que teria surgido  entre prefeito e vice após o rompimento do PMDB com o PP, anunciado em fevereiro. Assim, atribuiu a transferência do Gabinete do vice para fora da prefeitura – em uma sala no prédio ao lado – à necessidade de “remodelar espaços” para agilizar outros serviços no prédio da administração. Mesmo assim,ele reconheceu que, após a ruptura, eles passaram “a viver um projeto que não era mais único”. “Não entendo que houve falta de diálogo ou transparência, faltou compreensão. Eu agradeço de forma muito sincera aos trabalhos prestados, respeito a posição do vice-prefeito,principalmente compreendendo o jogo democrático e político que se apresenta nos próximos meses”, disse Pasin.

Em resposta a um dos pontos levantados por Gabardo, a respeito de não ter efetivado a Guarda Municipal, aprovada por lei em 2012, ele ressaltou que a decisão, tomada ainda em 2013, foi embasada em um acordo com o comando da Brigada Militar para a implantação de núcleos de policiamento comunitário na cidade, com aporte financeiro do governo. Dessa forma, Pasin confirmou que não colocará o novo efetivo nas ruas em seu mandato. Na relação das ações em segurança pública, também foram elencadas as iniciativas tomadas nesta semana – após uma alarmante onda de assaltos –, como a ampliação do videomonitoramento e a prometida instalação, em julho, de um software de reconhecimento de placas de veículos nos acessos de Bento Gonçalves.

Na saúde, o prefeito exaltou a entrega de novas unidades de saúde e garantiu que, nos próximos dias, entrará em funcionamento o Pronto Atendimento 24 horas na região do São Roque. Abordou o “quadro completo” de 123 médicos e os 120 mil atendimentos da nova Unidade de Pronto Atendimento (UPA),no Botafogo, além do aumento dos serviços oferecidos via Sistema Único de Saúde(SUS) no Hospital Tacchini. “Buscamos atender a nossa comunidade de forma resolutiva, e não como um faz-de-conta, muitas vezes visto em nossa cidade”, argumenta.

“Estamos cada dia mais próximos de unir os serviços públicos em um só lugar”, aponta Pasin, a respeito da construção do novo Centro Administrativo, onde hoje está o Campo Municipal. Segundo ele, o Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI) do empreendimento está em fase de conclusão e a obra será abastecida com aportes de recursos em um fundo específico, provindos de vendas de bens municipais. Contudo, não foram detalhados prazospara que o projeto comece a se tornar realidade.

No campo da educação, Pasin mencionou repasses ao transporte de estudantes da rede pública e o aumento das matrículas em escolas infantis,que também deve ter duas novas instituições em funcionamento ainda neste ano. “Ampliamos o número de vagas em creches, inclusive contando com a compra de vagas junto à iniciativa privada, o que faz com que não apenas atendamos o caráter de vagas às nossas crianças, mas principalmente possamos estimular o desenvolvimento econômico”. Não houve, nesse sentido, nenhuma referência à já debatida fila de quase 600 crianças sem vagas disponíveis atualmente em Bento – o tema foi, recentemente, discutido em audiência pública.

Por fim, Pasin foi questionado a respeito da atual dívida municipal,que seria de R$ 80 milhões e foi citada por Gabardo durante a manhã. De forma bastante subjetiva, ele disse que “a falta de compreensão em certos momentos faz com que dados sejam jogados sem a total conexão com a verdade”. O valor divulgado pelo ex-vice seria incorreto por abranger também ações judiciais ainda em andamento, e que podem ser ganhas pela prefeitura. “O que eu posso colocar é que, das dívidas que herdamos foram pagos, R$ 45 milhões”, concluiu Pasin. Mesmo assim, ele se dispôs a colocar, “em momento oportuno”, a secretaria de Finanças à disposição para esclarecimentos mais detalhados à imprensa.