Mario Gabardo não é mais vice-prefeitode Bento Gonçalves. Vitorioso nas urnas em 2012 ao lado do atual prefeitoGuilherme Pasin, ele anunciou nesta quinta-feira, dia 23, sua renúncia aocargo. Em fevereiro, o PMDB já havia rompido a coligação com o PP, mas Gabardose mantinha no posto por afirmar que respeitaria os votos que o colocaram nafunção.
Em carta aberta, elesintetizou, em uma coletiva na Câmara de Vereadores, os motivos que o levaram àdecisão. O principal argumento foi o não cumprimento de projetos do plano degoverno. “Muito pouco desta proposta foi levado a sério. Houve omissão emrelação à segurança pública, não honrando o compromisso de viabilizar a criaçãode uma guarda municipal”, exemplifica o texto, destacando uma das bandeirastambém defendidas por Gabardo quando era vereador (confira na íntegra abaixo).
Outras iniciativas destacadas,e não cumpridas, referem-se à saúde, como a promessa de um Pronto Atendimento24 Horas na região do São Roque, e à educação, principalmente com o déficit devagas em escolinhas públicas, que ainda se mantém. “Quais dessas foram executadasde nosso plano de governo? Estão aí, para análise, avaliação e compreensão dasociedade, se nós devemos aprovar ou não o que está acontecendo em nossomunicípio. Devemos levar a sério o que se propõe em campanhas eleitorais”. Aisso, Gabardo soma ainda “afastamento progressivo e isolamento”, dentro do queele considera “uma triste realidade constatada de desprezo e desconsideraçãocom o vice-prefeito”.
Campanha
Embora não tenha se referido diretamenteà campanha ao Poder Executivo de seu filho, César Gabardo, pré-candidato peloPMDB, Mario afirma que contribuirá para “uma nova proposta de governo”. “Estamosem uma época pré-eleitoral, precisamos discutir com a comunidade, ouvir muito eassumir aqueles compromissos que deveríamos ter executado. Precisávamos de umarenovação e muita força de vontade para mudar os rumos de nossa cidade de BentoGonçalves. E os rumos das prioridades foram desvirtuados. Precisamos retomá-los.É possível ter planejamento do orçamento do município, sim. Infelizmente, ascoisas têm sido improvisadas”, aponta.
Contudo, caso se visseobrigado a assumir o posto de prefeito interinamente, em uma eventual ausênciade Pasin, Gabardo inviabilizaria a candidatura do filho, de acordo com osprincípios constitucionais. Mesmo assim, ele garante que essa não foi a razãomais forte para o afastamento. “Há mais de um ano, estou sendo relegado, naverdade. Colocam um secretário ou um subalterno e desprezam a presença dovice-prefeito aqui em Bento Gonçalves. Evidentemente, que tivemos a cautela deestar precavidos para eventuais conspirações de golpe. Isso não aconteceuporque não fui chamado para assumir o cargo neste período. Neste momento, issonão está me afetando”, argumenta.
Transparência e dívida
Ao anunciar sua saída daprefeitura, Mario Gabardo também fez questão de repetir por várias vezes o termo“transparência” – o que, de acordo com ele, não está ocorrendo na atual gestão.“Temos um município que, se antes estava endividado em mais de R$ 50 milhões,hoje ultrapassa os R$ 80 milhões de contas a pagar. Dívida consolidada ou não, osR$ 50 milhões eram também dessa forma. E isso é transparência, quando não seanuncia ou não se divulga que hoje está muito mais endividado o nossomunicípio? Por que se esconde a verdade?”, indaga.