Uma prova com lama, neve, frio e um terreno muito acidentado. Estes foram alguns dos obstáculos enfrentados pelo bento-gonçalvense Diego Panazzolo na disputa da Ultra Fiord, ultramaratona na cidade de Puerto Natales, no Chile. Ele terminou a prova em quarto lugar no geral e em terceiro na sua categoria.
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Panazzolo completou a prova com um misto de alegria, pelo resultado obtido, e frustração por ela ter sido interrompida antes de seu final. A ultramaratona teria 100 milhas (algo perto dos 160 quilômetros), mas, devido aos problemas com o clima da região, foi reduzida para 110 quilômetros, mas foi interrompida no quilômetro 82. Além disso, a largada que aconteceria às 22h da quinta-feira, 5, ocorreu apenas às 10h da sexta-feira, 6.
O atleta bento-gonçalvense terminou em quarto lugar no Geral, com o tempo de 14h42min26s. O vencedor da prova foi o sueco Thomas Ernst, com o tempo de 11h56min45s. Em entrevista para a Revista Trail Running, Panazzolo descreveu como foram os momentos da prova:
"Dadas as primeiras provas na semana de Ultra Fiord, tivemos uma ideia do que enfrentaríamos. Devido a uma nevasca, a prova de 70k foi transferida para o dia seguinte, com largada junto com a largada prevista dos 100k. Na quinta-feira, dia 5, tudo certo para que 22h tivéssemos a largada das 100 milhas. Iríamos de ônibus até a largada. No congresso técnico, Nazário deixou claro o que enfrentaríamos. Trinta minutos antes de sair da pousada, já trajado para a partida, vejo uma mensagem de que a largada também havia sido transferida para o dia seguinte e que a distância havia sido reduzida para 110k. Ficamos com um sentimento de decepção. A retirada do glaciar da prova foi compreendida por todos, em função das condições climáticas, mas os demais trechos podiam ter sido mantidos se a organização tivesse se preparado para um plano B.
No dia seguinte, às 10h, partimos rumo às montanhas geladas, para encarar o que seria uma prova muito dura, não por sua altimetria, mas pelo tipo de terreno: muita pedra e lama, muita lama, os famosos ‘charcos’. Segui firme, sempre com muita cautela, pois sabia que em frente haveria a região conhecida como ‘bosque’. Um lugar alagado e repleto de atoleiros, onde afundei por diversas vezes as pernas até o joelho, uma delas até a coxa. Também houve algumas quedas. Neste momento comecei a perceber que a marcação poderia ter sido melhor. Correndo junto com o atleta Bruno Bauer, nos revezávamos na busca pelas marcações e por diversas vezes parávamos para encontrar o próximo ponto a seguir.
Cruzado este ponto, chegamos ao PAS El Ascenso, onde rapidamente partimos rumo ao ponto mais alto da prova. O Cerro Prat é uma montanha perigosa onde pedras rolavam morro abaixo, pondo em risco os atletas que atrás vinham. Para descer, risco de queda enorme e marcações tombadas pelo vento, o que dificultava ainda mais.
A partir do km 55, PAS Milodon, a prova passou a ser mais ‘corrível’. Adotei um ritmo mais forte, buscando diversos atletas pelo caminho. Mas para minha decepção, ao chegar ao km 82, a prova foi interrompida, sem qualquer explicação coerente, pois não havia risco dali para a frente. Obviamente que chegar ao km 82 correndo bem, depois de 14h45min e com a notícia de que eu estava na 4ª colocação geral, a cinco minutos do terceiro colocado, me deixou muito feliz.
O que fica desta prova em minha mente são as paisagens que encontramos. Inesquecíveis! Conhecer e correr ao lado de grandes atletas e chegar forte ao final da prova só nos fortalece para os próximos desafios. No entanto, esta prova merece organizadores que se preocupem com os atletas e que os respeitem como clientes que pagaram muito caro para corrê-la. Nem mesmo a cerimônia de premiação foi realizada. Respeito à montanha sim, mas que não utilizem disso para justificar inúmeras falhas e a falta de planejamento”.