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Pesquisadores desfazem confusão e anunciam novo réptil que viveu no RS há 225 milhões de anos

Fóssil encontrado na localidade de Linha São Luiz, no interior de Faxinal do Soturno, é da espécie Maehary bonapartei e não do Faxinalipterus minimus.

06/05/2022 às 14h31
Por: Marcelo Dargelio
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Pesquisadores desfazem confusão e anunciam novo réptil que viveu no RS há 225 milhões de anos

Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria, do Museu Nacional da UFRJ, da Universidade Regional do Cariri, da Universidade Federal do Pampa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da COPPE/UFRJ apresentaram um estudo de revisão sobre um pequeno réptil denominado Faxinalipterus minimus, proveniente de rochas do Triássico (cerca de 225 milhões de anos atrás) do Rio Grande do Sul. Um estudo publicado na revista científica PeerJ, nesta terça-feira, 3 de maio, pelos pesquisadores brasileiros desfaz uma confusão ao mesmo tempo que identifica um novo réptil de 225 milhões de anos, cujos fósseis foram encontrados no sítio fossilífero Linha São Luiz, localizado em Faxinal do Soturno, na Região Central do Rio Grande do Sul: o Maehary bonapartei.

A pesquisa faz uma revisão sobre um pequeno réptil denominado Faxinalipterus minimus, proveniente de rochas do período Triássico. Ele foi descrito em 2010, sendo atribuído ao grupo Pterosauria, que reúne os primeiros vertebrados a desenvolverem o voo ativo. Só que a descrição considerava um fóssil composto por ossos do esqueleto pós-cranial e por uma parte do crânio (uma maxila com dentes) encontrados em duas expedições de campo, ocorridas separadamente em 2002 e 2005.

Logo, não era possível afirmar com certeza que todas as partes pertenceriam a um mesmo tipo de animal, ainda que tenha sido admitido, na época, que todos os ossos pertenciam a uma única espécie. "O conhecimento presente das faunas de finais do Triássico indica que a disparidade de animais da época na qual datam os primeiros pterossauros era tão grande que encontram-se animais que à primeira vista poderiam lembrar pterossauros, mas realmente não são. Isso foi o que aconteceu com Faxinalipterus e Maehary", diz Borja Holgado, especialista em pterossauros do Institut Català de Paleontologia Miquel Crusafont de Barcelona, na Espanha, e atualmente pesquisador da Universidade Regional do Cariri, no Ceará.

Pesquisadores identificaram um novo réptil brasileiro de 225 milhões de anos após anos de estudo — Foto: Rodrigo Temo Müller/Divulgação

 

Grau de parentesco e nomenclatura

Usando uma base de dados anatômicos, a equipe de cientistas estabeleceu que o Faxinalipterus estaria proximamente relacionado aos lagerpetídeos, um ramo considerado como grupo-irmão de Pterosauria em estudos mais recentes. Juntos, lagerpetídeos e pterossauros formam um grupo mais abrangente denominado Pterosauromorpha.

Assim, a nova espécie Maehary bonapartei foi posicionada como o membro mais primitivo dentro de Pterosauromorpha. "Isto é, Faxinalipterus e Maehary não são pterossauros, porém são aparentados a eles. Especialmente Maehary se configura como um elemento-chave na elucidação de como as características anatômicas foram evoluindo ao longo da linhagem dos pterossauromorfos até os pterossauros propriamente ditos, totalmente adaptados ao voo", pontua o pesquisador Rodrigo Müller.

O nome do gênero da nova espécie vem de Ma'ehary, uma expressão do povo originário Guarani-Kaiowa, que significa "quem olha para o céu", em alusão à sua posição na linha evolutiva dos répteis, sendo o mais primitivo dos Pterosauromorpha. O nome específico é uma homenagem ao principal pesquisador de vertebrados fósseis da Argentina, José Fernando Bonaparte (1928-2020), falecido recentemente, e que atuou ativamente junto com paleontólogos brasileiros em afloramentos do Rio Grande do Sul, na coleta e descrição de muitos vertebrados extintos que viveram durante o período Triássico, incluindo o Faxinalipterus.

A publicação é assinada por 11 pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria, do Museu Nacional/UFRJ, da Universidade Regional do Cariri, da Universidade Federal do Pampa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da COPPE/UFRJ. Agora, os pesquisadores seguem em busca de novos achados que ajudem a entender como sugiram as primeiras formas desse grupo. "Essas espécies, com um comprimento estimado em 30cm para Faxinalipterus e 40cm para Maehary, demonstram a importância de prosseguir as coletas de fósseis nessa região".

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