A operação da Polícia Federal realizada nesta quarta-feira (15) contra o pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes, do PDT, e seu irmão, o senador Cid Gomes (PDT-CE), foi objeto de vários discursos no Plenário da Câmara dos Deputados. Os dois são investigados por supostas irregularidades nas obras de ampliação do estádio Arena Castelão para a Copa do Mundo de 2014.
Além de alvo de operação da PF de busca e apreensão, Ciro e Cid tiveram os sigilos bancário e telefônico quebrados por decisão judicial. A operação dividiu opiniões entre os parlamentares, especialmente os cearenses.
O deputado Henrique Fontana (PT-RS) foi o primeiro a comentar o assunto e saiu em defesa do político cearense, ao considerar que Ciro Gomes foi alvo de uma “ação espetacular”. “Quero dizer que o Brasil não suporta mais este processo de tentativa de intimidação de vozes da oposição, utilizando o aparato policial, que tem que ser um aparato policial republicano, que respeite a todos os brasileiros, que se comporte dentro da Constituição”, disse.
O deputado Capitão Wagner (Pros-CE), no entanto, foi à tribuna defender a atuação da Justiça Federal contra Ciro e Cid Gomes. Ele afirmou que a família Gomes “se acha acima do bem e do mal” e que seus integrantes atuam como “paladinos da moral” enquanto “chamam todo mundo de bandido”.
“Vejam o que diz o relatório da Polícia Federal: diz que a família Ferreira Gomes faz parte de um esquema criminoso e que são integrantes contumazes desse esquema criminoso que desvia recursos dos cofres públicos do Estado do Ceará”, afirmou.
Capitão Wagner disse que o Ceará é um estado em que a população é pobre e o governo é rico. “O governo é rico e capaz de fazer esse tipo de obra, onde se desvia, em cada uma delas, R$ 11 milhões. Sem falar dos R$ 10 milhões dos respiradores do Consórcio Nordeste, dos R$ 150 milhões utilizados nesse tal desse aquário, sem falar do hospital de campanha lá de Fortaleza”, declarou.
O deputado Danilo Forte (PSDB-CE) afirmou que a operação policial desta quarta-feira dá transparência a uma realidade “lamentável” vivida no estado. “Está se desnudando toda uma história política com a qual o estado do Ceará se acostumou a conviver: uma família, uma oligarquia, que se sente dona do estado do Ceará e que desmorona exatamente diante de uma avalanche de maus feitos”, disse.
Defesa
Em defesa de Ciro e Cid Gomes, o deputado André Figueiredo (PDT-CE) falou em nome do PDT. “Não podemos admitir, em nenhuma hipótese, essa manobra que foi feita hoje com as obras no Castelão. Quem acompanhou a construção dos estádios da Copa do Mundo sabe que o Castelão foi o estádio mais barato”, disse Figueiredo.
Ele destacou que Ciro Gomes tem mais de 40 anos de vida pública e não tem qualquer processo que o criminalize por corrupção. “Nós não podemos nos calar com o que aconteceu hoje”, disse.
André Figueiredo afirmou que a operação foi realizada sem que Ciro ou Cid Gomes tenham sido intimados a depor. Ele disse que a Polícia Federal não pode ser utilizada para perseguição a adversários do governo federal.
O deputado Pedro Augusto Bezerra (PTB-CE) também apoiou Ciro Gomes em nome do PTB do Ceará. “Faço coro na solidariedade ao senador Cid Gomes e ao ex-governador Ciro Gomes, e dizer que o fruto do seu trabalho até hoje põe o Ceará em destaque, principalmente na política fiscal, de sucesso”, disse.