
A Câmara de Vereadores de Bento Gonçalves está prestes a votar um dos maiores absurdos políticos da história da Capital do Vinho. A base aliada do governo prepara mudanças nas sessões do Legislativo, com o objetivo de silenciar vereadores de oposição e diminuir ainda mais a presença da comunidade nos encontros semanais realizadas na Casa. Para ter sucesso na manobra, foi utilizada a mudança do Regimento Interno da Câmara.
A discussão do novo Regimento Interno do Legislativo começa na sessão desta segunda-feira, 4 de setembro. Pelo menos duas mudanças podem alterar os rumos do Legislativo para os próximos anos. No projeto original, passa quase despercebida a manobra para evitar que vereadores de oposição possam falar dos problemas envolvendo a prefeitura. Para isso, a Mesa Diretora criou o espaço denominado de Explicações Pessoais. Nele, o vereador continuará com o mesmo tempo que tem hoje para ocupar a tribuna, porém, só poderá falar sobre as ações referentes ao seu gabinete. Com isso, ele não poderá, durante sua manifestação, falar sobre assuntos de interesse público e problemas envolvendo a prefeitura. Isso só poderá ser explanado no Grande Expediente.
Só que, neste quesito, o Novo Regimento Interno prevê que somente um vereador por Sessão Plenária poderá usar a palavra por até 15 minutos, com aparte dos demais se autorizado pelo orador, para tratar de tema de interesse público. Para piorar, o vereador Gilmar Pessutto (PSDB) já apresentou uma emenda ao projeto original, solicitando que este tempo seja reduzido para 10 minutos. Com isso, um vereador só poderá se manifestar na tribuna da Câmara para falar assuntos de interesse público uma vez a cada quatro meses.
Além de silenciar os vereadores na tribuna, integrantes da base governista querem mudar o horário da única sessão existente, o que evitaria a presença de boa parte da população. Sob a alegação de que geraria economia de recurso público, oito vereadores assinaram um projeto de emenda ao Regimento Interno, para que o encontro semanal do Legislativo ocorra às segundas-feiras, às 15h. Protocolaram a emenda os vereadores Gilmar Pessutto (PSDB), Anderson Zanella (PSD), José Elvio Atzler de Lima (PMDB), Marcos Rodrigues Barbosa (PRB), Neri Mazzochin(PP), Sidinei da Silva (PPS), Valdemir Antonio Marini (PTB) e Volnei Christofoli (PP). Esta mudança já está praticamente garantida, pois, além dos proponentes, sobram votos de integrantes do partido do prefeito, como os vereadores Rafael Pasqualotto e Eduardo Viríssimo (PP), além de Jocelito Tonietto (PDT), que também vem votando com a base governista. Em litígio com seu partido, informações extraoficiais dão conta que seu destino será o PSD, de Anderson Zanella, assim que a janela de transferência for aberta, após a aprovação da Reforma Política no Congresso Nacional.