O comércio de Bento Gonçalves amarga um prejuízo que beiraos R$ 11,5 milhões – valor inadimplente acumulado até o fim do primeirosemestre de 2017 no município. Desde a última apresentação dos dados feita pelaCâmara de Dirigentes Lojistas com números referentes a dezembro de 2016, houvecrescimento de 4% no montante da dívida. Já no comparativo com o mesmo períododo ano anterior, o aumento está na casa dos 17% (no primeiro semestre de 2016 adívida era de R$ 9.769.304,00, contra os R$ 11.493.088,00 registrados nos seismeses iniciais de 2017).
“Pesquisa recentemente divulgada em âmbito nacional mostrouque o comércio concentra o segundo maior percentual da inadimplência no Brasil– ou seja, 38% das dívidas estão alocada no segmento. Em Bento Gonçalves, o avançoé gradativo e permanente, o que obviamente nos preocupa muito, principalmentepor ser um fator que coloca em risco a saúde financeira dos negócios do varejo– ou seja, a empresa vendeu um produto ou prestou um serviço e não recebeu porele, arcando com o prejuízo. Divulgamos esses dados como forma de alerta aolojista, para que preste muita atenção no momento de análise e concessão decrédito”, explica o presidente da CDL-BG, Marcos Carbone. Atualmente, ocomércio de Bento Gonçalves registra o total de 3.901 CNPJs ativos.
Em Bento Gonçalves, quem mais deve são pessoas físicas, comidade entre os 30 e 50 anos (55% dos registros), e do sexo femino (67% dosregistros são de mulheres contra 33% de homens). Metade do valor da dívida estáconcentrada em tickets com valor entre R$ 100 e R$ 250. A outra metade é decompras superiores a R$ 500.
O que mudou nocenário da inadimplência
O número de registros lançados no SPC diminuiu – ainda quepouco, na casa dos 1,2% - no comparativo entre o primeiro semestre de 2017 como mesmo período do ano anterior. A queda também ocorreu com relação ao totalverificado até dezembro de 2016, com -0.7%. Isso significa que menos pessoasestão devendo na praça – ainda que o valor dessa dívida tenha crescido. “Aquiobservamos uma situação recorrente e que poderia ser facilmente prevenida com arigorosa análise do perfil do cliente no momento de concessão de crédito. Obanco de dados do SPC é riquíssimo e atualizado em tempo real, configurando-seem uma ferramenta importante que alerta o lojista diante de um consumidor queestá inadimplente em outros estabelecimentos”, esclarece Carbone.
Na contramão desses indicadores, o comparativo mostracrescimento no número de pessoas jurídicas devedoras: 32% a mais no primeirosemestre de 2017 do que no mesmo período do ano anterior, além de aumento de18% no valor da dívida. Já com relação ao acumulado em 2016, o total desse tipode inadimplência aumentou em 11%. “As empresas estão devendo mais porque muitasdelas sentiram fortemente os efeitos do ciclo de retração desencadeado noBrasil pela sucessão de crises políticas e econômicas. Não existem dadosoficiais que comprovem esse indicador, mas nosso conhecimento empírico mostra que,diante da escassez de capital, os gestores precisaram fazer escolhas, e optarampor cumprir com as obrigações da folha de pagamento, gerando inadimplência emoutros compromissos”, sugere o presidente.
Quem está devendo tem pressa de limpar o nome na praça erecuperar o acesso ao crédito. Os registros feitos em até 03 meses caíram 14,5%no comparativo entre o primeiro semestre de 2016 com o mesmo período de 2017. Orecorte da queda é ainda mais expressivo se analisados os registros com 01 mês:redução de 20%. Isso significa que as pessoas estão quitando suas dívidas commais rapidez.
A esperança de o comércio recuperar o prejuízo causado pelainadimplência foi renovada com o recente anúncio da liberação da última fase desaques das contas inativas do FGTS. A verba disponibilizada pela CaixaEconômica Federal aos beneficiados é de R$ 3,5 bilhões. Desse total, cerca de R$1,2 bilhão devem ser repassados ao comércio para quitação de dívidas, conformelevantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). “Para os lojistas,essa é uma oportunidade muito valiosa de renegociar a dívida e reverter, mesmoque parcialmente, o ônus de uma venda não rentável. A CDL-BG tem uma equipe deconsultores especializados que auxiliam os associados nesse processo denegociação, basta entrar em contato e agendar uma visita para estudo dasituação”, relembra o presidente.