O número de alunos que não frequentam escolas nos município de Bento Gonçalves cresceu consideravelmente no período entre janeiro e junho de 2017, em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2016, o número total de evasão escolar no primeiro semestre foi de 330, já neste ano, o número aumentou para um total de 418, resultando em um aumento de quase cem Fichas de Comunicação de Aluno Infrequente (FICAIs) e um semestre. De acordo com o coordenador do Conselho Tutelar do município, Leonides Lavinicki, uma das principais causas do aumento gradativo é o envolvimento dos jovens com drogas, que acarretam num afastamento destes alunos com a escola.
Neste ano, o mês de março e abril registraram um aumento significativo de alunos infrequentes em comparação aos números de 2016. Enquanto que, no ano passado, março e abril tiveram 109 e apenas 54 notificações, em 2017, o número cresceu para 125 e 120, respectivamente. Segundo dados colhidos pelo Conselho Tutelar, as escolas General Bento Gonçalves da Silva, no centro, Professora Maria Borges Frota, do Loteamento Zatt e a escola Cecília Meireles, no bairro São Francisco, tiveram o maior número de evasão escolar no município.
Segundo o coordenador do Conselho Tutelar, Leonides Lavinicki, os principais fatores ligados ao crescimento são a suspeita de envolvimento com drogas, a violência no entorno da escola, a dificuldade de aprendizagem e outros motivos como por exemplo a suspeita de negligência, trabalho e gravidez/maternidade/paternidade. "O principal motivo seria o envolvimento dos adolescentes com drogas, infelizmente é um fato e estamos bastante preocupados. Quando o Conselho Tutelar detecta esse motivo, realizamos o encaminhamento desse adolescente para o tratamento no Serviço de Atendimento Psicossocial - Álcool e Drogas, onde se consegue um resultado positivo e muitos conseguem voltar à escola. Muitos dos motivos que as escolas mandam para nós e que elas dizem que é resistência do aluno, na verdade, quando chega ao Conselho Tutelar, vemos que é outro motivo, e um desses é a droga, e muitos pais não sabem", ressalta o coordenador.
A faixa etária notória neste problema de evasão escolar ocorre entre 13 e 17 anos de idade, além dos 5 e 7 anos, quando as crianças não possuem a obrigação de frequentar os "jardins", primeira etapa escolar. Em 2017, já foram notificados 298 FICAIs na faixa etária entre 15 e 17 anos, idades que prevalecem nos números de evasão escolar no município. Dentre as séries que possuem mais incidência do abandono à escola, destacam-se o sexto, sétimo e oitavo ano do ensino fundamental, bem como o 1º ano do ensino médio. Algumas etapas do EJA (Educação de Jovens e Adultos) também possuem um número expressivo de evasão. O turno que que possui uma maior taxa de evasão escolar segue sendo na parte da manhã.
No total do número de evasão escolar até então em 2017, 122 jovens foram realocados nas escolas, resultando num crescimento de realocação em comparação ao mesmo período do ano passado, quando foram 92 alunos que voltaram à escola. "O trabalho do Conselho Tutelar referente a esses alunos que não estão frequentes na escola, o primeiro caminho que a gente faz é notificar os pais para virem ao conselho e nós oferecemos a eles dois caminhos: o primeiro é para seus filhos voltarem a frequentarem a escola e ter um aproveitamento adequado, e o segundo, se ele não voltar, a gente encaminha o caso para o Ministério Público, que abrirá uma ação judicial por negligência dos pais ou até sobre a própria conduta do aluno", afirma Leonides.
De acordo com o promotor do Ministério Público, Élcio Rasmini Menezes, o órgão está atuando diretamente na causa para combater o crescimento da evasão escolar no município, através de ações em sentido coletivo e, quando necessário, individual, para ajudar na causa. "Realizamos uma atuação coletiva, reunindo rede pública, secretarias, o conselho tutelar para debatermos as causas para criarmos ações que combatem o problema inicial, por meio de projetos e programas. Além disso, criamos micro-redes, que correspondem a regiões da cidade, incluindo diversos bairros, onde reunimos associações, secretarias e conselhos para atuar individualmente com o problema. Quando os casos são de outras circunstâncias além da falta de vontade de voltar à escola, realizamos um encaminhamento individual para atuar na motivação", ressalta o promotor.