Acabou sem acordo a reunião de conciliação entre a empresa S & N Engenharia e Construções, trabalhadores e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sitracom). O encontro ocorreu na manhã desta quinta-feira, 5 de janeiro, na sede da Gerência Regional do Ministério do Trabalho, em Caxias do Sul. Com isso, as obras de construção do moinho da Isabel seguem sem previsão de retomada.
De acordo com Vanius Corte, chefe regional do Ministério do Trabalho, a reunião foi realizada para discutir as questões de remuneração dos trabalhadores. O maior dilema era o fato de alguns empregados receberem salário maior que outros, mesmo desempenhando a mesma atividade. Corte explica que a maioria dos funcionários foi contratada em Porto Alegre e recebia uma remuneração menor que aos dos contratados em Bento Gonçalves, apesar de desempenharem a mesma função. Isso acontece porque o piso salarial na Capital do Vinho é superior ao do valor pago na capital do Estado.
Na reunião, os representantes da S & N Engenharia aceitaram fazer a equiparação salarial aos funcionários vindos de Porto Alegre, desde que eles voltassem ao trabalho já na tarde desta quinta-feira. Porém, o Sitracom não aceitou a negociação. Isso porque os funcionários recebem um percentual de 25% a mais sobre o piso, a título de gratificação por transferência. Desta forma, o sindicato condicionou aceitar a conciliação com o pagamento do percentual sobre o valor do piso de Bento Gonçalves. Aí foi a vez dos diretores da empresa não aceitarem a proposta. Segundo eles, o pagamento nas condições impostas pelo sindicato geraria um novo impasse, pois faria com que os funcionários de Bento Gonçalves passassem a ganhar menos que os contratados em Porto Alegre. "Nós fizemos a nossa parte de reunir as partes, mas infelizmente não houve acordo. Agora temos que esperar um acerto entre eles para que a situação seja normalizada", destaca o chefe regional do Ministério do Trabalho.
Obras devem ser retomadas somente na terça-feira, 10
Sobre o embargo da obra, Vanius Corte explica que ela foi feita parcialmente, exclusivamente para a realização de atividade em altura (que acontece acima de dois metros). Ele revela que a construção de um moinho é diferente de um prédio, pois não possui paredes e as questões de segurança são mais complexas. Corte revela que durante a fiscalização, foram constadas algumas irregularidades que colocavam em risco a vida dos trabalhadores. Entre eles, o acesso aos andaimes estavam ruins e a instalação estava em desacordo com a legislação. Também havia risco de queda de materiais em cima dos trabalhadores e queda dos próprios funcionários dos andaimes. Os fiscais do Ministério do Trabalho deram prazo até segunda-feira, 9 de janeiro, para a empresa S & N Engenharia apresentar estas medidas. Além disso, a empresa também vai precisar providenciar melhorias nos alojamentos dos funcionários. Caso a S & N apresente tudo até segunda-feira, uma nova fiscalização será realizada na terça-feira, 10, para liberar a realização das atividades.
Vanius Corte destaca que as demais atividades da obra não estão embargadas. Porém, com a paralisação dos funcionários, não há mão de obra para continuar os trabalhos.