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Instabilidade gera preocupação nos comerciantes de Bento Gonçalves

Os 22 dias de paralisação causaram inúmeros impactos e prejuízos para o setor, que tenta buscar ânimo para retomar as vendas na reabertura do comércio.

Kevin Sganzerla
Por: Kevin Sganzerla Fonte: NB Notícias
22/03/2021 às 20h01 Atualizada em 22/03/2021 às 21h18
Instabilidade gera preocupação nos comerciantes de Bento Gonçalves
Foto: Marcelo Dargélio/NB

Após mais de 20 dias com as portas fechadas, o comércio voltou a abrir com o retorno da cogestão no Estado. Os impactos gerados pela paralisação e, sobretudo, a incerteza que permeia o atual cenário de pandemia deverão tornar a volta das atividades um desafio para o comércio. Apesar disso, o setor tenta se reabilitar dos danos econômicos e emocionais para retomar as vendas.

A válvula de escape da indústria, com essa paralisação, sofreu perdas imensuráveis, como afirma o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BG), Marcos Carbone. Além disso, o setor deve seguir enfrentando dificuldades por conta do cenário de instabilidade. “No momento que você tem uma empresa, gera empregos, e que você se vê diante de uma situação de ter que fechar o seu estabelecimento, isso causa um dano econômico e um dano emocional para o empresário, para o colaborador, que não sabe se no dia seguinte vai ter emprego ou não. Dormimos na expectativa de abrir o comércio amanhã e aí vem um decreto e fecha de novo. Está muito instável”, analisa Carbone.

O presidente da entidade relata que a realidade do setor é dura, e que foi impactada pelo o que ele nomeia de “abre e fecha”, em 2020, e que segue consonante neste ano. “É muito prejudicial para a economia como um todo, não só para o comércio. O comércio é a válvula de saída da indústria. Mesmo a indústria trabalhando, quem vai fazer o elo entre o cliente e o produto da indústria? É o comércio. Temos muitas empresas que fecharam suas portas, muitos empregos que foram ceifados com essa maneira de tratar. Temos que ter o equilíbrio entre a saúde pública e a saúde econômica do país”, pondera.

Durante o período de paralisação, a maior preocupação dos comerciários, segundo Carbone, foi justamente o fato de não poder trabalhar. “A maior reclamação é: queremos ter as nossas portas abertas para receber nossos clientes para poder vender nossos produtos e prestar nossos serviços. Nós estamos respeitando todos os protocolos da saúde. Todos os protocolos que estão nos decretos nós estamos respeitando”, salienta.

Marcos Carbone, presidente da CDL, destaca que a maior reclamação dos associados é não poder abrir suas portas para trabalhar
Marcos Carbone, presidente da CDL, destaca que a maior reclamação dos associados é não poder abrir suas portas para trabalhar

 

A CDL está promovendo ações juntamente com outras entidades do município para buscar subsídios e articular com o poder público a manutenção da cogestão. Além disso, também oferta aos associados cursos e uma linha de crédito junto ao Sicredi. “Estamos buscando dentro da nossa entidade treinamentos online, que falem sobre mídias sociais, sobre o mundo virtual, sobre o varejo virtual, que é uma tendência que veio para ficar. Estamos trabalhando junto ao Sicredi para conseguir mais benefícios aos nossos associados”, comenta Carbone.

O presidente complementa: “O associado da CDL vai ter acesso a crédito com juro mais barato, 0,59% ao mês com 60 meses para pagar e 12 meses de carência. Esse recurso o associado pode buscar para o capital de giro, que é hoje o grande problema que o nosso associado enfrenta. Estamos há 22 dias fechados com o custo da operação rodando, e estamos com nossos estabelecimentos sem poder funcionar”.

Uma das lojas mais tradicionais de Bento Gonçalves vai fechar uma unidade

O abre e fecha do comércio atingiu em cheio uma das mais tradicionais lojas da região, a Horango Tango. Com três filiais em Bento Gonçalves e lojas também em Caxias do Sul e Farroupilha, além de uma loja online, a empresa teve que promover cortes por conta da paralisação. Segundo a proprietária da Horango Tango, Márcia Vedovelli, uma das ações foi o fechamento da filial localizada na Rua Saldanha Marinho que, inclusive, foi recentemente interditada por desobedecer o decreto estadual. No total, mais de 70 famílias dependem direta ou indiretamente das lojas.

“Optamos por fazer a redução de uma unidade em Bento Gonçalves, onde vamos encerrar nossas atividades no dia 15 de abril. Lógico que sentimos muito por essa situação, mas o bom empresário sabe o momento de abrir e fechar. Vamos deixar de gerar economia para a cidade de Bento, vamos deixar de gerar sete empregos e nos sentimos muito entristecidos por todo esse momento”, relata Márcia.

Para a diretora e proprietária das lojas Horango Tango, a pandemia fez com que os administradores do negócio tivessem que se reinventar e trabalhar ainda mais para manter os clientes. Além disso, ela também relata o desgaste emocional em decorrência da pandemia e da paralisação. Márcia comentou que o faturamento nesse período de paralisação despencou e que, por isso, teve que agir para manter os funcionários e não precisar realizar demissões em massa.

Márcia e João Vedovelli, diretores da Horango Tango, se viram obrigados a fechar uma das unidades por conta da paralisação
Márcia e João Vedovelli, diretores da Horango Tango, se viram obrigados a fechar uma das unidades por conta da paralisação 

 

“Nestes 22 dias que estamos parados, nosso faturamento caiu quase 80%. Temos bastante clientes que ainda recebem produtos pela tele-entrega, levamos demonstrações, mas não é a mesma coisa. As pessoas têm bastante receio e medo, o vírus está entre nós, é uma realidade. Existe um pouco de resistência, mas continuamos nesses 20 e poucos dias trabalhando online. Desta vez não fizemos redução de funcionários e sim, partimos para a escala de folgas e férias”, destaca a comerciante.

A retomada, mesmo que muito positiva, segundo Márcia, deverá ser lenta devido aos impactos da paralisação. “A retomada vai ser muito lenta. O reflexo desses 22 dias e do ano passado vai ser muito grande, pois todos estão inseguros. Não sabemos como vai ser o amanhã. Temos certeza que será muito difícil, vamos ter muito trabalho, mas precisamos sim deixar as portas abertas. Acredito que todo nosso trabalho, como você veste roupa, calçado e você não pode sair sem roupa, é essencial sim”, explica.

“Não há união no comércio de Bento”, desabafa a empresária

A falta de união do setor também, para Márcia, tem sido um entrave para que o comércio se mantivesse em alta e conseguisse ter mais voz. “Nunca tivemos apoio em nossa luta. Sentimos os comerciantes de Bento Gonçalves muito desunidos. Não há uma união, não lutam pelo mesmo objetivo. A rivalidade é muito maior do que em Farroupilha, onde resido”, relata.

Segundo o presidente da CDL, Marcos Carbone, a retomada requer um incentivo maior ao comércio local para fazer com que a economia de Bento Gonçalves gire e os empregos sejam mantidos. “O nosso inimigo não é o Comércio, não é o Turismo, é o vírus que está aí. Nosso comércio está preparado, e vamos melhorar o mix de produtos e o atendimento ao nosso cliente. Bento Gonçalves merece o comércio que tem, pois ele sempre está buscando atualização. Somos um polo indutor de turismo e isso é muito importante. O turista vem para nossa cidade, faz a economia girar, gera empregos na hotelaria, nos restaurantes e são esses empregos que vão construindo nosso município. Juntos e unidos vamos vencer mais essa batalha”, destaca Carbone. 

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