Em menos de 48 horas, uma pessoa que testou positivo para a Covid-19 morrem em Bento Gonçalves no mês de dezembro. Esta foi a média de óbitos registrada na Capital do Vinho no mês com o maior número de mortes ligadas à doença desde o início da pandemia do novo coronavírus. A situação é considerada preocupante, já que as consequências das festas de final de ano devem estourar no mês de janeiro, que já contabiliza 3 óbitos nos primeiros quatro dias de 2021.
De acordo com os dados do boletim epidemiológico do Comitê de Atenção ao Coronavírus, foram contabilizadas 17 mortes ligadas à Covid-19 no mês de dezembro em Bento Gonçalves. O número de óbitos é o maior até o momento, superando o mês de agosto, que havia registrado 14 mortes em 31 dias. A maioria dos óbitos (10) foi entre idosos na faixa etária dos 80 anos.
Apesar de dezembro ter 31 dias, as 17 mortes ocorreram num intervalo de 21 dias apenas. A primeira morte registrada no mês foi de um homem na faixa etária dos 50 anos, no dia 8 de dezembro. A última, ocorreu no dia 29, de uma mulher na faixa dos 80 anos. Isso representa que, após o dia 8, a Capital do Vinho registro uma média de quase uma morte por dia de pessoas que testaram positivo para a Covid-19 (a média foi de 1,23 dia).
Janeiro preocupante
Em 2021, a máxima “ano-novo, vida nova” enfrenta uma verdade difícil de deixar para trás: o ano virou, mas a pandemia de Covid-19 continua. Os especialistas afirmam que o mês de janeiro é o mais preocupante nas ações de combate ao coronavírus. Isso porque, a maioria das pessoas dispensou os cuidados no final do ano. Com o fim dos feriados de Natal e Ano-Novo, o resultado das aglomerações preocupa. E, para os especialistas, a conta ainda nem começou a ser paga. “Se olharmos pelo número de casos, que não é tão preciso por causa da queda na testagem comum em feriados, a situação já é preocupante. A quantidade de mortos, dado com um pouco mais de precisão, já mostra que a doença está em avanço claro em todo o país. Espera-se, sem dúvidas, um crescimento pronunciado no início de 2021. A lógica é muito simples: quanto mais contato, mais fácil de o vírus espalhar”, disse Tarcísio Marciano da Rocha Filho, professor do Instituto de Física da Universidade de Brasília (UnB) e um dos membros de um grupo de pesquisa interdisciplinar que abarca várias universidades brasileiras para estudar o avanço da Covid-19 no país.
Além disso, haverá o efeito oriundo das férias no litoral. Os especialistas se preocupam com quem está na praia neste momento e irá retornar posteriormente para sua cidade de origem. No litoral, naturalmente os cuidados com a prevenção são menores, principalmente em pessoas mais jovens, que normalmente são assintomáticas para a Covid-19. O medo, neste caso, é que haja uma explosão de internações na segunda quinzena de janeiro e na primeira semana de fevereiro, fazendo com que os hospitais fiquem à beira de um colapso no atendimento.