As instituições de ensino privadas de Bento Gonçalves vão promover reajustes nas mensalidades para o ano de 2021. Os percentuais variam de 4% a 6%, com exceção de um dos educandários, que terá reajuste em apenas um dos níveis. Diante do contexto de incertezas e de dificuldades que permeiam a economia brasileira por conta do atual cenário de pandemia, alguns pais se mostraram descontentes com a medida adotada pelas escolas particulares.
A maioria das escolas da rede privada vão em contramão ao que foi adotado por algumas instituições de ensino superior, a exemplo da Universidade de Caxias do Sul (UCS), que definiu que as mensalidades dos cursos de graduação e pós-graduação, além do Cetec, não serão reajustadas para o próximo ano. Das cinco escolas particulares de Bento Gonçalves, apenas o Colégio Medianeira não fará reajustes em todos os níveis da educação básica.
Entre os motivos elencados pelas instituições estão os reajustes para os professores previstos também para o próximo ano, mudanças no método de ensino, inflação do período e melhorias em infraestrutura e capacitação do corpo docente.
O Colégio Medianeira terá um reajuste mínimo de nove reais no Ensino Fundamental II. No restante dos níveis não haverá acréscimos nas mensalidades. “Não aumentamos absolutamente nada. Inclusive o próprio material didático também não houve aumento. Estamos assistindo às necessidades dos nossos pais e da comunidade de Bento Gonçalves”, declarou a diretora Irmã Isaura Paviani.
O Colégio Cenecista promoverá um reajuste de 4% nas mensalidades, mesma porcentagem de reajuste do Colégio Mutirão. Segundo a assessoria do Mutirão, o acréscimo nos valores se deve exclusivamente à mudança de método pedagógico da instituição de ensino.
O Colégio Marista Aparecida não divulgou o percentual de reajuste anual da escola de sua rede situada em Bento, mas sim a média geral de todos os colégios que ela abrange. De acordo com a assessoria da instituição, neste ano o índice foi de 4,25%, percentual que é calculado anualmente considerando a inflação do período, reformas, capacitação do corpo docente, reajuste do valor hora dos professores, entre outros fatores.
O Colégio Sagrado Coração de Jesus prevê um reajuste de 6% nas mensalidades para o próximo ano. O acréscimo, segundo a diretora Irmã Maria Diva da Silva, se deve à inflação e, sobretudo, ao reajuste previsto para 2021 aos profissionais de educação. “Temos hoje uma inflação que estamos sentindo no bolso e quando vamos ao mercado. Há a previsão de reajuste, uma vez que esse ano não tivemos reajuste dos professores em razão da pandemia, mas com certeza teremos no próximo ano, pois já houve acerto com o sindicato. Vamos fazer um reajuste, embora muito discreto”, explica a diretora.
Medida desagrada pais
Alexandra Costa tem três filhos matriculados no Colégio Sagrado Coração de Jesus – dois meninos no infantil e uma menina no ensino fundamental. Por conta da pandemia, ela enfrentou dificuldades em mantê-los em casa, o que gerou aumento nos custos nas despesas.
“Tivemos que melhorar a tecnologia para podermos acompanhar as aulas online, precisemos aumentar o horário da babá para que nós pudéssemos continuar trabalhando, então nossos custos aumentaram razoavelmente. Na escola sei que os professores continuaram trabalhando, mas os gastos com a estrutura acredito que devem ter sido reduzidos em função de os alunos não estarem ali, como luz, água, material de expediente”, analisa a mãe.
Segundo ela, o reajuste deveria ser repensado pela instituição. “Acho que este reajuste não vem em boa hora. Todas as famílias estão sofrendo com a pandemia e os gastos aumentaram bastante para manter nossas crianças em casa. Acho sim que esse aumento deveria ser repensado, pois ainda não sabemos como essa situação vai se resolver, afinal a pandemia continua”, opina.
Outros pais concordaram com os reajustes, porém especialmente se forem destinados aos profissionais de educação da instituição. É o caso de Juliana Bertarello, que tem sua filha matriculada no Colégio Sagrado e que está no nono ano. “Concordamos com o reajuste especialmente se for repassado aos professores”, afirma a mãe.