
Uma creche particular em Alvorada, na Região Metropolitana de Porto Alegre, foi interditada na manhã desta terça-feira (16) após denúncias de que crianças estavam sendo medicadas para mantê-las calmas. A ação foi realizada pela Vigilância Sanitária, que constatou irregularidades na Escola de Educação Infantil Rafa Kids, incluindo a falta de alvará de saúde e a ausência de um nutricionista responsável.
De acordo com as autoridades, as condições estruturais da instituição não eram adequadas para o atendimento infantil. A creche já havia sido interditada anteriormente, em novembro de 2024, pelas mesmas razões, mas reabriu meses depois. No momento da fiscalização, duas crianças estavam presentes nas dependências da escola.
O delegado Anderson Spier, diretor regional da Polícia Civil, informou que foram solicitados exames ao Instituto-Geral de Perícias (IGP) para verificar a presença de substâncias no organismo das crianças. Pais e professores já foram ouvidos na investigação. "Ainda estamos identificando outras crianças e encaminhando todas para exame toxicológico do IGP", afirmou o delegado, ressaltando que alguns pais mencionaram o uso de melatonina, embora os efeitos dessa substância ainda sejam incertos.
Mães de crianças que frequentavam a creche relataram mudanças significativas no comportamento dos filhos. Alessandra Marques, mãe de uma aluna, notou que sua filha estava sonolenta e desinteressada em brincar, comportamento que não condizia com seu histórico saudável. "Ela não quer mais comer", lamentou a mãe.
Em resposta às denúncias, a Escola de Educação Infantil Rafa Kids emitiu uma nota negando qualquer administração de medicamentos sem prescrição médica. A instituição afirma que segue rigorosamente as normas sanitárias e pedagógicas e que todos os procedimentos são realizados em conformidade com as orientações dos responsáveis.
O caso gerou repercussão e a denúncia foi encaminhada ao Ministério Público, que poderá tomar medidas adicionais conforme o andamento das investigações. A situação continua em apuração, com a comunidade escolar e as autoridades atentas aos desdobramentos.