
O espetáculo “Iya Dudu”, do artista venâncio-airense Sérgio Rosa, tem se destacado como um importante recurso na discussão sobre educação antirracista. Desde sua estreia em 2019, a peça já foi apresentada em mais de 60 municípios do Rio Grande do Sul e assistida por mais de 14 mil pessoas. Recentemente, tornou-se objeto de um estudo acadêmico conduzido pela mestranda em Gestão Educacional da Unisinos, Synara Kehl Tapparello, que integra o grupo de pesquisa Gepiees da Universidade Fronteira Sul.
O capítulo escrito por Synara, intitulado “A Educação Antirracista e o Teatro Como Enfrentamento ao Racismo nas Escolas - Uma abordagem da desigualdade social na perspectiva do sujeito negro”, faz parte do livro “Educação e Estratificação Social - Debates Interdisciplinares”, organizado por Thiago Ingrassia Pereira e Luis Fernando Santos da Silva. O texto, com 11 páginas, analisa a relevância do teatro na promoção da conscientização racial e na aplicação da Lei 10.639, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas.
Synara Kehl Tapparello enfatiza que seu trabalho visa não apenas discutir a legislação, mas também valorizar a arte de Sérgio Rosa. "É fundamental que a pesquisa acadêmica traga à tona a produção cultural de forma teórica, sem cair na publicidade", afirmou. Para Rosa, o reconhecimento do seu trabalho como ferramenta de estudo é gratificante. "Quando a arte se torna um instrumento de transformação racial e social, ela ganha novos espaços", declarou.
O espetáculo “Iya Dudu” tem como um de seus objetivos ser uma ferramenta de enfrentamento ao racismo, e o artista considera essa visibilidade acadêmica um legado importante. O livro, publicado em 2024 pela editora CRV, reflete o crescente engajamento da autora com temas de mobilização cultural. Synara reconhece que ainda há desafios na disseminação de conteúdos acadêmicos sobre educação antirracista.
Atualmente, “Iya Dudu” continua em cartaz, com apresentações voltadas para o público escolar, especialmente a partir do 6º ano do Ensino Fundamental. A peça segue circulando por diversas regiões do Rio Grande do Sul, promovendo reflexões sobre a desigualdade social e o enfrentamento do racismo. Para Sérgio Rosa, a inclusão de sua arte em textos acadêmicos é uma forma de perpetuar legados e potencializar sua expressão artística como um ato político.