
Uma operação da Polícia Civil do Rio Grande do Sul realizada na manhã desta sexta-feira (12) desmantelou um esquema de manipulação de licitações envolvendo 15 empresas. As investigações apontaram que essas empresas simulavam competição em pregões e dispensas eletrônicas para garantir contratos de serviços terceirizados, como limpeza e merenda, junto à administração pública.
Foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão nas cidades de Porto Alegre, Canoas e Alvorada, onde as empresas estão localizadas. A operação resultou no bloqueio de até R$ 60 milhões em ativos financeiros, além de imóveis e veículos vinculados aos investigados. A Polícia Civil identificou indícios de atuação coordenada entre as empresas, que incluíam o uso do mesmo IP, troca sincronizada de sócios e vínculos pessoais entre os responsáveis.
A concorrência entre essas empresas foi registrada em 175 lotes de licitações, sendo que muitas não possuíam capacidade operacional para cumprir os contratos. A falta de pagamento adequado aos trabalhadores levou o Estado a arcar com dívidas, pagando duas vezes pelos serviços: uma pelo contrato e outra pelos débitos trabalhistas. Além disso, as empresas compartilhavam os mesmos advogados e contadores, evidenciando a articulação entre elas.
A investigação revelou que algumas das empresas tinham sócios com perfis suspeitos, como um condenado por roubo que usava tornozeleira eletrônica e um homem em situação de rua, ambos com antecedentes policiais. Durante o período em que estavam à frente das empresas, esses indivíduos venceram licitações que totalizavam mais de R$ 2 milhões.
Os crimes investigados incluem fraude ao caráter competitivo de licitação e associação criminosa. As empresas envolvidas já enfrentaram sanções, como a suspensão para participar de licitações e declarações de inidoneidade. A operação visa responsabilizar os envolvidos e desarticular a rede criminosa que atua em detrimento da administração pública.