
A Justiça do Rio Grande do Sul autorizou, na última quinta-feira, o repasse de doações enviadas dos Estados Unidos que haviam sido desviadas por um grupo investigado durante a Operação Ascaris, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio Grande do Sul (GAECO/MPRS). Os materiais, que incluíam roupas, fraldas e mamadeiras, estavam sob a posse de oito suspeitos na região de Caxias do Sul.
As doações, destinadas originalmente às vítimas das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul no ano passado, foram desviadas e comercializadas por meio de ONGs e brechós locais. O GAECO identificou que o grupo utilizava “laranjas” e recebia pagamentos via Pix em nome de terceiros para ocultar a origem ilícita dos valores. A operação resultou na apreensão de cerca de 70 caixas com produtos que deveriam ter sido entregues a famílias em situação de vulnerabilidade.
O promotor de Justiça Manoel Figueiredo Antunes, responsável pela operação e coordenador do 5º Núcleo Regional do GAECO — Serra, destacou que a decisão judicial assegura que as doações sejam finalmente aplicadas conforme a sua finalidade original. "Um dos trabalhos, agora, é organizar e encaminhar, via entidades capacitadas, os produtos apreendidos", afirmou Antunes.
As investigações continuam em andamento, apurando crimes de apropriação indébita, organização criminosa e lavagem de dinheiro, todos praticados em meio ao cenário de calamidade pública provocado pelas enchentes. O caso levanta preocupações sobre a gestão de doações em situações de emergência e a necessidade de maior fiscalização sobre o uso desses recursos.