
A cidade de Flores da Cunha, na Serra Gaúcha, foi o município mais afetado da região pela passagem do ciclone extratropical que atingiu o Sul do país no fim da tarde e noite desta segunda-feira (8). De acordo com a Defesa Civil, o temporal danificou ao menos 60 casas e deixou mais de 5 mil moradores sem energia elétrica.
Os maiores estragos se concentraram na localidade de Travessão Alfredo Chaves, no interior do município. Moradores relatam que o vento foi tão intenso e concentrado que acreditam na formação de um tornado. Telhados foram arrancados, estruturas cederam e árvores de grande porte acabaram tombadas.
Diante do cenário, a prefeitura instalou um gabinete de crise e recebeu reforço de órgãos estaduais de segurança e resposta a desastres.
Em Alfredo Chaves, os danos materiais vão além das residências. Foram atingidos:
a quadra de esportes da comunidade;
o telhado da Capela São João Batista;
três vinícolas e outros estabelecimentos comerciais.
Segundo a administração municipal, mais de 2 mil pessoas foram impactadas diretamente na localidade. Houve ainda registro de estragos em Otávio Rocha, no Travessão Carvalho e em pontos da área central de Flores da Cunha. Em diversas áreas do interior, árvores foram arrancadas pela raiz.
O vento forte também provocou danos em estufas, derrubou mais de 20 parreirais e atingiu o refeitório de uma escola e o hospital do município. Apesar da destruição, não há registro de feridos.
A gravidade da situação levou representantes do governo estadual e de diferentes forças de segurança a se dirigirem ao município ainda na noite de segunda-feira.
Participaram da reunião no gabinete do prefeito César Ulian:
o chefe da Casa Militar e coordenador estadual de Proteção e Defesa Civil, coronel Luciano Chaves Boeira;
o major Felipe Stangherlin, do Departamento de Gestão de Desastres;
o comandante do CRPO Serra, coronel Ricardo Moreira de Vargas;
equipes da Brigada Militar, Corpo de Bombeiros, Cruz Vermelha e Defesa Civil.
Eles discutiram ações imediatas de resposta, como apoio na limpeza, no atendimento às famílias e na avaliação estrutural das áreas mais atingidas.
Em comunicado, a MetSul Meteorologia afirmou que ainda é “muito preliminar” cravar qual fenômeno atingiu Flores da Cunha, mas que não descarta a hipótese de um tornado ou de uma microexplosão de vento.
O instituto informou que a imagem de radar no momento do temporal mostrava valores de refletividade muito altos, compatíveis com tempestade severa. Segundo a análise, nuvens carregadas se formaram na Metade Norte do Estado ao longo da tarde, impulsionadas pelo aquecimento e pela baixa pressão atmosférica. A célula de tempestade, então, se deslocou em direção a Flores da Cunha, ganhando intensidade sobre o município.
Uma perícia meteorológica detalhada deve indicar, nos próximos dias, se houve de fato a formação de um tornado.
O episódio ocorre em meio a um alerta vermelho emitido pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), que classifica a situação como de “grande perigo” para 753 municípios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná até as 23h59 desta terça-feira (9).
O aviso prevê:
chuva acima de 100 mm;
rajadas de vento superiores a 100 km/h;
possibilidade de queda de granizo;
risco de danos em edificações, interrupção de energia, estragos em lavouras, queda de árvores, alagamentos e transtornos no transporte.
A MetSul reforça que, com a pressão atmosférica ainda mais baixa e a presença de ar quente e úmido, o ambiente segue “muito propício” a chuvas intensas e novos temporais localizados.
A prefeitura informou que equipes das secretarias de Agricultura e de Obras trabalharam durante a madrugada e a manhã desta terça na desobstrução de estradas rurais. Não há, neste momento, pontos de bloqueio no município.
Moradores que tiveram as casas destelhadas podem retirar lonas de proteção na sede da Guarda Civil Municipal, na Rua Anúncio Curra, nº 2784, bairro União.
As aulas na rede municipal estão mantidas, mas a Defesa Civil reforça que o alerta meteorológico segue ativo. A recomendação é que a população acompanhe os boletins oficiais, evite áreas de risco durante temporais, redobre atenção com estruturas frágeis e procure abrigo em locais seguros diante de novos episódios de vento forte.