O sentimento dos alunos da Escola Municipal Ensino Médio Alfredo Aveline, no bairro Borgo, na volta às aulas ainda é significativamente dispare. Desde o retorno das atividades presenciais na segunda-feira (21), cerca de 20 alunos se fizeram presentes nas salas de aula nos dois primeiros dias. Porém, a maioria ainda optou por não retornar, a exemplo da turma do 3º ano que, em consenso entre alunos e pais, decidiu não voltar às aulas de forma presencial.
A escola - a única com ensino médio no município - organizou o seu próprio protocolo de retorno, amparado pelas secretarias de Educação e Saúde do município. Dentre as medidas de segurança, a instituição de ensino conta com um pórtico sanitizante na entrada, e confere a temperatura de todos que acessam o interior da escola. Os professores e demais funcionários, os quais foram testados previamente, utilizam equipamentos de proteção individual (EPI’s) para exercer suas atividades.
Além disso, a escola conta com o seu próprio comitê para tratar das medidas de segurança contra o coronavírus, como explica o diretor da escola, Márcio Pilotti: “Nós nos preparamos muito para esse retorno, afinal foram seis meses de parada. A escola tem seu comitê interno de prevenção ao coronavírus, obedecendo tanto o decreto municipal como o estadual. Tivemos todo o cuidado, com o auxílio e o amparo da secretaria municipal de educação, junto com a secretaria da saúde, para que pudéssemos retornar ontem com o ensino médio”, explica.
Confira detalhes das medidas de segurança e restrições impostas pela escola
Sendo a volta facultativa, a escola contou com aproximadamente 20 alunos nos primeiros dois dias de aulas presenciais de um total de 85 alunos matriculados no Ensino Médio, sendo um total de quatro turmas. O “Terceirão”, por unanimidade dos alunos e pais, decidiram por não voltar às salas de aula neste momento.
A decisão, segundo a aluna do 3º ano, Maessa Bellé Grando, de 18 anos, surgiu através de um questionamento, o qual procurava saber quantos alunos e quais retornariam de forma presencial. “Coincidentemente, por opção e consentimento dos pais, optamos em não voltar por insegurança e asseguramento de nossa saúde, dos professores, funcionários e familiares, mesmo com a consciência de todos os protocolos de higiene”, relata.
Para Maessa, o sentimento de saudade de frequentar a escola e conviver novamente com os colegas e professores é grande, mas não maior que a importância do cuidado com a saúde. “Em meio a situação atípica que estamos vivendo, tudo é novo e diferente. A saudade de estar frequentando a escola é grande, mas sabemos a importância de cuidarmos da nossa saúde. Não se compara a forma presencial, sem dúvidas, mas nos adequamos e buscamos aproveitar ao máximo a disponibilidade dos professores, tirando dúvidas com vídeos chamadas, trabalhos diversificados, pesquisas e até mesmo vídeos gravados pelos professores”, comenta.
“Estávamos com saudades desse contato”, afirma Caroline Crstófoli, aluna da escola
O sentimento de quem retornou às aulas presenciais, sobretudo, é de alegria em rever alguns de seus colegas e professores, como relatam os próprios alunos. O diretor afirma que os alunos que voltaram estão tranquilos e se sentindo seguros em retomar as atividades de forma presencial.
“Pareceu o sentimento deles de ansiedade da volta, para reencontrar os professores, os colegas. Pelo que conversei com eles, estão bem tranquilos, e quem voltou se sente seguro e querem continuar com as aulas presenciais e ter o conteúdo com o professor”, avalia Márcio.
A aluna do segundo ano, Caroline Cristófoli, de 16 anos, avalia o retorno das aulas presenciais de forma positiva. “Foi bom voltar às aulas, pois estávamos com saudades desse contato, que perdemos muito nessa quarentena, e também rever nosso professor para conseguir entender melhor o conteúdo, pois à distância é difícil. É algo diferente, mas estamos conseguindo ter um maior contato com nossos amigos e conseguir aprender mais”, afirma.
O mesmo sentimento se reflete na opinião de Gustavo Abreu, de 15 anos, o qual opina ser necessária a volta das aulas presenciais. “Acho que foi necessária, pois é inviável perder o ano inteiro de aula. Mesmo que sejam poucos meses de aula, não é tão impactante quanto perder o ano inteiro. O ensino em casa, mesmo que os professores deem o máximo de si, não é como o presencial, não é tão eficiente. Para mim foi muito importante essa volta para ter o contato com os colegas, olhar para eles e conversar, mesmo que seja de longe. Foi uma surpresa que me agradou”, salienta.
Os professores também relataram o sentimento positivo do retorno às aulas. A professora de matemática Jucele Gloawcki ponderou que a escola fez tudo dentro do possível para retomar as atividades com segurança. Além das aulas, a professora salienta que o dever do profissional de educação é também oferecer suporte emocional neste momento e, sobretudo, tentar minimizar o impacto negativo da pandemia.
Mesmo com o retorno, o desafio para os profissionais de educação segue o mesmo: adaptação: “A maior dificuldade continua sendo as aulas online, visto que a aula presencial é fundamental, e a pandemia deixou isso muito claro, ainda mais ainda quando se fala em educação básica. Para nós professores é mais um desafio que vamos precisar nos readaptarmos e pensar uma forma de não prejudicar nem os alunos que estão em casa nem os alunos que estão indo para a escola”, ressalta a professora.