A Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu temporariamente nesta sexta-feira (26) o professor de Direito e advogado Conrado Paulino da Rosa, investigado por crimes sexuais cometidos ao longo de mais de uma década. A prisão ocorreu em Porto Alegre, após autorização judicial.
Segundo a delegada Fernanda Campos Hablich, titular da 2ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), 13 mulheres já denunciaram o professor. Seis delas recebem acompanhamento psicológico, e uma precisou ser internada em clínica psiquiátrica devido ao impacto das agressões.
A investigação aponta que os crimes teriam ocorrido entre 2013 e 2025 e incluem episódios de violência sexual, psicológica e corporal. Quatro vítimas relataram terem sofrido estupro e agressões durante relações sexuais.
Logo após a notícia da prisão, uma nova vítima procurou as autoridades. Para a delegada, o fato reforça a importância da medida: “O surgimento de mais uma vítima logo após a prisão demonstra que muitas mulheres só se sentem seguras para denunciar quando têm certeza de que o agressor não representa mais uma ameaça”, afirmou Fernanda Hablich.
Ela acrescentou que há indícios de que outras vítimas possam estar fora do Rio Grande do Sul, possivelmente em outro estado da região Sul.
Especialistas que acompanham o caso destacam que predadores sexuais como o investigado geralmente usam o prestígio social e profissional para manipular e intimidar mulheres. “Eles exploram a posição de poder para constranger as vítimas e silenciá-las, muitas vezes por anos”, explicou a advogada Gabriela Souza, que representa parte das denunciantes.
Antes da detenção, Conrado Paulino já estava sujeito a medidas cautelares:
uso de tornozeleira eletrônica;
recolhimento domiciliar noturno;
proibição de deixar a comarca de Porto Alegre;
proibição de se aproximar das denunciantes.
A prisão temporária tem prazo inicial de 30 dias, podendo ser prorrogada. O investigado deverá prestar depoimento nos próximos dias.
Em nota, a defesa de Conrado classificou a prisão como “desproporcional”, alegando que ele vinha cumprindo todas as determinações judiciais. O advogado de defesa informou que irá ingressar com pedido de habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça do RS. “Conrado não foi ouvido até o momento nem teve oportunidade de apresentar provas à autoridade policial”, destacou a defesa.