Morreu neste sábado (13) o músico, compositor e multi-instrumentista brasileiro Hermeto Pascoal, aos 89 anos, segundo confirmação da família e de veículos de imprensa. A causa da morte ainda não foi divulgada.
Nascido em Lagoa da Canoa, Alagoas, em 22 de junho de 1936, Hermeto foi uma figura ímpar na história da música brasileira e internacional. Conhecido como “O Bruxo” ou “The Sorcerer”, destacava-se por sua capacidade de extrair som de tudo — objetos do cotidiano, natureza, utensílios inusitados — além de tocar uma imensa variedade de instrumentos: acordeão, flauta, saxofone, piano, gaitas, vozes, metais e outros. Ele era autodidata, muito ligado às raízes do Nordeste, mas sempre com um olhar experimental que ultrapassava gêneros.
Hermeto colaborou com nomes consagrados como Miles Davis, Elis Regina, Airto Moreira, Flora Purim, entre outros. Também produziu obras que se tornaram referências da música instrumental brasileira. Seu álbum mais recente de inéditas, Pra Você, Ilza (2024), foi uma homenagem à sua esposa de longa data, Ilza, e ganhou prêmios como o Grammy Latino.
A notícia da morte foi divulgada pelas redes sociais do artista e confirmada por instituições culturais. Segundo comunicado familiar, Hermeto passou “cercado pela família e por companheiros de música”, num momento sereno, como simboliza sua arte.
Logo após o anúncio, homenagens se espalharam por todo o país. Os admiradores celebram não apenas a música excepcional, mas a liberdade criativa de Hermeto, sua coragem de romper com convenções, de usar sons inesperados para expressar algo profundo sobre cultura, natureza e humanidade.
Hermeto deixou centenas de composições gravadas e inúmeras improvisações memoráveis. Sua obra experimental e versatilidade influenciaram gerações de músicos no Brasil e no exterior.
Ele era famoso por misturar gêneros como chorinho, samba, jazz, e por inserir elementos cotidianos e naturais nos arranjos, rompendo a barreira entre “música popular” e “música de vanguarda”.
Em vida, já havia vencido vários prêmios, inclusive o Grammy Latino e prêmios nacionais. Sua música deixará uma marca duradoura tanto pelo virtuosismo quanto pela ousadia estética.
A morte de Hermeto Pascoal representa, mais do que o fim de uma vida, uma despedida de quem usava a arte para expandir os limites do possível. Ele nos deixa trajetórias sonoras que seguirão inspirando música feita com alma, talento, liberdade. É um momento de tristeza para quem viu na música uma forma de magia — a magia que Hermeto fazia surgir das pequenas coisas.
Enquanto se aguarda informações sobre homenagens oficiais, velório e celebrações, resta à cultura brasileira reconhecer o valor singular desse artista. Hermeto pode ter partido, mas sua música viverá como legado vital para quem acredita que a arte é alento, invenção e coragem.