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Medicamento brasileiro experimental dá esperanças a tetraplégicos

Pesquisadores brasileiros surpreenderam o mundo ao anunciarem o sucesso do tratamento em uma pessoa que recuperou os movimentos por completo.

Marcelo Dargelio
Por: Marcelo Dargelio
13/09/2025 às 12h36 Atualizada em 13/09/2025 às 13h34
Medicamento brasileiro experimental dá esperanças a tetraplégicos
Bancário Bruno Drummond de Freitas obteve o mehor resultado nos testes até o momento - Reprodução/Especial

Pesquisadores brasileiros anunciaram nos últimos dias avanços incríveis no tratamento de lesões medulares com um medicamento experimental chamado polilaminina, desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em parceria com o laboratório Cristália. A substância demonstrou, em estudos iniciais, capacidade de recuperar movimentos em pessoas que haviam ficado tetraplégicas ou paraplégicas, reacendendo esperanças de que funções motoras antes consideradas perdidas possam ser restauradas.

O que é e como funciona a polilaminina

  • A polilaminina é derivada de laminina, uma proteína presente na placenta humana. Essa molécula participa da formação de uma estrutura que sustenta e guia neurônios, favorecendo sobrevida celular, migração e regeneração. 

  • O medicamento é aplicado diretamente na medula espinhal — geralmente em até 24 horas ou, no máximo, dias depois do trauma — para interromper a degeneração, estimular a regeneração neural e restabelecer a comunicação nervosa entre cérebro e corpo. 

  • Além do efeito direto sobre neurônios, a polilaminina promove neuroproteção (evita que danos se agravem) e pode estimular a formação de novos axônios — fibras nervosas responsáveis pela transmissão de impulsos elétricos.

Casos que demonstram progresso real

  • Bruno Drummond de Freitas, 31 anos: sofreu um acidente de trânsito em 2018, que o deixou tetraplégico imediatamente após fratura na coluna no pescoço. Ele recebeu a polilaminina cerca de 24 horas após a lesão, começou a recuperar movimentos sutis (como mexer o dedão do pé) nos primeiros meses; após fisioterapia intensiva, retomou a capacidade de andar.

  • Hawanna Cruz Ribeiro, 27 anos: vítima de queda, com lesão medular grave (perda abaixo do pescoço). Três anos após seu acidente, sob protocolo experimental, recebeu o fármaco. Ela recuperou parte do controle do tronco, alguma sensibilidade em órgãos internos e autonomia parcial. 

Limitações, fase atual e o que falta

  • Até o momento, os estudos são iniciais e experimentais; envolvem número pequeno de participantes (em torno de 6 a 10 pacientes) e ainda não foram validados em larga escala nem por ensaios clínicos publicados com amostras grandes. 

  • O estudo ainda aguarda aprovação formal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar a fase 1 de ensaios clínicos, que irá testar segurança, dosagem e efeitos adversos em mais pessoas. 

  • Resultados parecem melhores quando a aplicação ocorre logo após o trauma (entre 24h e 3 dias). Pacientes com lesões mais antigas também relatam ganhos, mas em geral menos intensos. 

  • Efeitos colaterais graves não foram verificados até agora, embora os pesquisadores ressaltem eventos esperados em contextos de trauma (dor, infecções, etc.). 

A importância para quem vive com lesão medular

Para pessoas com tetraplegia ou paraplegia, as opções de tratamento são limitadas. A polilaminina representa uma possibilidade concreta de recuperação funcional, não apenas por dispositivos externos, fisioterapia ou técnicas de reabilitação, mas por uma intervenção biológica que atue sobre os neurônios danificados.

Se os ensaios clínicos avançarem com sucesso, esse medicamento poderá:

  • Reduzir a dependência motora de cadeiras de rodas em alguns casos;

  • Melhorar sensibilidade e controle de funções corporais importantes;

  • Ampliar a qualidade de vida e autonomia pessoal;

  • Tornar-se uma alternativa terapêutica acessível no Brasil, já que usa proteína derivada da placenta, recurso relativamente mais acessível do que terapias com células-tronco ou implantes caros.

Status regulatório e próximos passos

  • A Anvisa já recebeu parte dos dados pré-clínicos, mas solicita informações complementares antes de autorizar ensaios em humanos mais amplos. 

  • Hospitais como o Hospital das Clínicas da USP e a Santa Casa de São Paulo já aparecem nos planos para realizar essas próximas fases da pesquisa.

  • Estima-se que ainda possam se passar dois a três anos até que, se aprovado, o medicamento esteja disponível para uso clínico regular, dependendo do sucesso das fases de teste.

 

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