O Partido Liberal (PL) confirmou nesta quinta-feira (31) a expulsão do deputado federal Antônio Carlos Rodrigues (SP), após declarações que romperam com o posicionamento oficial da legenda. A decisão, anunciada por Valdemar Costa Neto, presidente nacional do partido, foi motivada por críticas públicas a Donald Trump e elogios ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Rodrigues classificou como “absurda” a aplicação da Lei Magnitsky pelos EUA contra Moraes e defendeu o ministro como “um dos maiores juristas do país, extremamente competente”. Sobre Trump, afirmou: “Trump tem que cuidar dos Estados Unidos. Não se meter com o Brasil”. Essas posições foram consideradas incompatíveis com a linha do partido, que mantém tradição de apoio ao ex-presidente bolsonarista – admirador declarado de Trump.
A expulsão, formalizada por Valdemar em nota interna ao grupo parlamentar, relatou que a "pressão da bancada foi muito grande" para remover Rodrigues. O gesto partidário foi descrito como necessário para evitar “populismo barato que só atrapalha o desenvolvimento do país”.
Filial do PL desde 1990, Rodrigues teve forte influência nos bastidores partidários e chegou a ser ministro dos Transportes no governo Dilma Rousseff. Conhecido por seu perfil liberal moderado, ele se posicionou contra a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro e criticou colegas bolsonaristas, como Eduardo Bolsonaro.
A expulsão afasta também uma ponte informal entre Valdemar Costa Neto e Alexandre de Moraes, visto que Rodrigues já mantinha interlocução direta com o ministro desde antes de sua posse no STF.
A medida gera reflexões sobre as tensões internas no PL, unindo direita e bolsonarismo sob comando único. Rodrigues não se manifestou publicamente até o fechamento desta reportagem. Já o partido espera agora uma reação alinhada à disciplinarização das vozes discordantes.
A expulsão reforça que, no momento, críticas a Trump e defesas do STF são incompatíveis com a agenda oficial do PL. A decisão pode reconfigurar a correlação de forças na bancada e sinaliza uma postura mais ortodoxa e controlada.