Mais de 100 procedimentos gratuitos e 87 vidas transformadas. Esse foi o saldo do I Congresso Vascular Solidário, realizado entre os dias 16 e 19 de julho, nas instalações do novo bloco cirúrgico do futuro Hospital Público de Bento Gonçalves. A iniciativa, considerada histórica, uniu solidariedade, excelência médica e apoio do poder público para dar fim à longa espera de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), alguns há até oito anos na fila por cirurgia vascular.
Idealizado pela médica angiologista e cirurgiã vascular Neusa Maria Furlan, o projeto reuniu cerca de 40 profissionais de diversas regiões do Brasil e da Espanha, todos voluntários da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV-RS). Durante quatro dias, os especialistas realizaram cirurgias para o tratamento de varizes, beneficiando pacientes que esperavam há cinco, seis e até oito anos por atendimento. “Mais de oitenta pacientes saíram de uma longa fila e receberam tratamento com técnicas modernas e com profissionais renomados. Que essa ação de solidariedade inspire outras áreas da medicina e mostre que, com criatividade e união, podemos avançar no enfrentamento das filas do SUS”, destacou Neusa Furlan, idealizadora do mutirão.
A Prefeitura de Bento Gonçalves, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, foi fundamental para viabilizar a ação, cedendo o espaço recém-inaugurado do bloco cirúrgico, além de disponibilizar profissionais da rede pública para apoiar a equipe médica. A secretária Daiane Piuco celebrou a estreia do local com uma iniciativa tão significativa. “Não poderíamos começar de forma melhor. A estrutura foi montada com muito esforço para garantir conforto aos profissionais e acolhimento à população. Agora, seguimos com o espaço sendo usado diariamente para procedimentos ambulatoriais, consolidando mais um passo rumo ao funcionamento completo do nosso hospital público”, afirmou a secretária.
A mobilização demonstrou o poder transformador de parcerias entre iniciativa médica voluntária e gestão pública, especialmente em um momento em que as filas do SUS seguem desafiadoras em todo o país. Casos como o de Bento Gonçalves revelam que ações criativas, humanizadas e organizadas podem impactar profundamente a vida de quem mais precisa.
A esperança agora é de que o modelo seja replicado em outras especialidades médicas, ampliando o acesso à saúde e mostrando que soluções eficientes podem surgir do engajamento coletivo.