A Justiça do Rio Grande do Sul condenou o ex-goleiro do Grêmio, Jorge Ivo Amaral da Silva, por apropriação indébita de recursos do Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado. Ele presidiu a entidade entre 2015 e 2020 e foi considerado culpado por desviar milhões de reais que deveriam ser repassados aos jogadores pelo direito de arena, montante pago às equipes pela transmissão de partidas na televisão.

De acordo com a sentença da 1ª Vara Estadual de Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro, Jorge Ivo cumprirá pena de quatro anos e oito meses em regime semiaberto e deverá ressarcir cerca de R$ 5,1 milhões. Porém, ainda cabe recurso da decisão.

As irregularidades foram descobertas na Operação Sindicasta, conduzida pelo Ministério Público Estadual, que apurou um desvio superior a R$ 8 milhões. Parte desse valor — aproximadamente R$ 2,3 milhões — foi transferida para outro sindicato, sediado em Porto Alegre e também presidido por Ivo, sem funcionários ou atividade econômica registrada. Essa entidade servia unicamente para pagamentos ao próprio ex-dirigente.

Foram mais de 500 transferências bancárias, em valores de até R$ 70 mil, para contas da empresa do ex-presidente. Ao longo do processo, Ivo devolveu R$ 3,238 milhões. Ele foi absolvido da acusação de lavagem de dinheiro, mas o Ministério Público vai recorrer para reverter essa parte da sentença.

Jorge Ivo, que atuou como goleiro do Grêmio nas décadas de 1970 e 1980, também ocupou cargos na Federação Nacional dos Atletas Profissionais (Fenapaf) e no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Em 2022, o MP chegou a solicitar seu afastamento definitivo de qualquer atividade sindical ou esportiva, o que foi negado pela Justiça.

A defesa promete recorrer da condenação. Segundo o advogado Lúcio de Constantino, a acusação foi "agressiva" e Ivo está tranquilo, aguardando os próximos passos do processo.

O atual presidente do sindicato, Gabriel Schacht, avaliou que a decisão representa um avanço:
— Foi um prejuízo muito grande à categoria. Espero que ele seja banido de qualquer cargo ligado ao futebol. Justiça, ao menos em parte, foi feita.