Em meio ao horror do ataque registrado na manhã desta terça-feira (8) na Escola Municipal Maria Nascimento Giacomazzi, no município de Estação, dois atos de heroísmo evitaram uma tragédia ainda maior. A professora Patrícia Zanoni Sbeghen, de 34 anos e o monitor Luiz Carlos dos Santos, conhecido como “Tio Pelé”, arriscaram a própria vida para proteger alunos durante a ação de um adolescente armado com uma faca.
Segundo a Polícia Civil, o autor do ataque, um jovem de 16 anos, invadiu o colégio por volta das 9h e atingiu quatro pessoas: o estudante Vitor André Kungel Gambirazi, de 9 anos, que morreu no local; as alunas Maria Júlia de Souza Kichel, de 8 anos, e Stefany Poter Hertal, de 8 anos, que ficaram feridas, mas estão fora de perigo, e a professora Patrícia, que segue internada em um hospital em Erechim.
Mesmo ferida, a educadora conseguiu criar tempo para que outras crianças corressem para fora da sala. Foi nesse intervalo que Tio Pelé, monitor e zelador da escola, entrou em ação com uma pá de obra e conseguiu imobilizar o agressor, evitando que ele continuasse os ataques. “Tenho que me doar por essas crianças. Me coloco no lugar dos pais”, declarou o monitor. Segundo ele, a prioridade era proteger os alunos. Ele relatou que, ao perceber a situação, não pensou duas vezes: “Eu vi que era grave e fui. Só pensei que não podia deixar mais ninguém se machucar.”
A ação rápida e corajosa dos dois profissionais da escola foi determinante para impedir uma tragédia de maiores proporções. O adolescente foi apreendido pela Brigada Militar e encaminhado à delegacia. A faca usada no crime foi recolhida pelos peritos.
A cidade de Estação, com cerca de 6 mil habitantes, ficou em choque com o ocorrido. A Prefeitura suspendeu as aulas em toda a rede municipal por tempo indeterminado. Psicólogos e assistentes sociais foram mobilizados para atender alunos, professores e familiares.
As duas crianças feridas foram levadas ao Hospital São Roque, em Getúlio Vargas. A professora foi atendida no Hospital Santa Terezinha, em Erechim. Nenhuma das três corre risco de morte.
O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil, que apura as motivações do ataque. A escola foi isolada para a coleta de provas e a análise das câmeras de segurança.
Enquanto o município tenta assimilar o trauma, a atuação de Patrícia e Luiz Carlos já é reconhecida como fundamental para conter a violência. O gesto de bravura emocionou pais, educadores e moradores, que passaram o dia reunidos em frente à escola, em vigília silenciosa e com atos de solidariedade. “Eles salvaram vidas. Foram heróis”, resumiu um pai de aluno, com os olhos marejados.
Os atos de coragem de uma professora e de um monitor mostram que, mesmo diante do imprevisível, o compromisso de educadores vai além da sala de aula. Em Estação, a tragédia só não foi maior porque, em meio ao medo, houve quem escolhesse a coragem.