O valor adicionado das atividades turísticas no Rio Grande do Sul, que mensura a contribuição destas atividades para a economia, chegou a R$ 15,2 bilhões em 2022. O número representa 2,9% do valor adicionado total do Estado e evidencia a recuperação do setor após o forte recuo durante a pandemia de covid-19.
Em 2020, marco do início da crise sanitária, o valor adicionado total das atividades turísticas no Estado foi de R$ 9,2 bilhões, a preços correntes, uma queda significativa em relação a 2019, que havia alcançado R$ 14,3 bilhões.
Os dados, elaborados pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), foram divulgados durante painel da Gramado Summit 2025, nesta quarta-feira (4/6). A titular da SPGG, Danielle Calazans, e o secretário de Turismo, Ronaldo Santini, acompanharam os resultados do estudo inédito sobre o valor adicionado das atividades turísticas do Rio Grande do Sul. A iniciativa tem o objetivo de mensurar e analisar a importância do turismo para a economia do Estado. Também participou do painel o pesquisador responsável, Tomás Torezani. A Gramado Summit 2025, realizada no Serra Park, é um evento de inovação correalizado pelo governo do Estado.
“As informações trazidas pelo trabalho do DEE irão contribuir para o sistema estatístico do Rio Grande do Sul, subsidiando a elaboração e a avaliação de políticas públicas, uma vez que passaremos a ter entendimento maior de como o turismo afeta economicamente cada região. Este estudo é mais um exemplo de como a governança baseada em dados pode auxiliar o governo de forma estratégica”, afirmou Danielle. “O conjunto das atividades turísticas é fundamental para a economia do Estado e fortalecê-lo é um dos nossos objetivos”, disse a secretária.
Os resultados e a metodologia do estudo estão disponíveis ao público por meio de um painel interativo . A ferramenta permitirá a visualização das estatísticas do Estado e de seus 497 municípios por meio de mapas, tabelas e gráficos. De forma intuitiva para o usuário, será possível comparar e analisar os dados mensurados por regiões funcionais, turísticas e dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes). As séries históricas dos resultados abrangem o período de 2010-2022 e serão atualizadas anualmente após a divulgação dos dados das Contas Regionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que possuem defasagem de dois anos.
“A participação das atividades turísticas chegou a atingir 3,4% da economia do Estado em 2019. Mesmo tendo reduzido sua participação após a crise pandêmica (o turismo foi mais impactado que a média da economia) e ainda não tendo recuperado plenamente (2,9% em 2022), o conjunto das atividades turísticas é mais representativo do que atividades relevantes no Rio Grande do Sul, como, por exemplo, a indústria automobilística; a indústria química; a pecuária, pesca e silvicultura; a geração, transmissão e distribuição de energia elétrica; e os serviços de informação e comunicação", ressaltou o coordenador do estudo, Tomás Torezani,
Para a elaboração do material, foram utilizadas classificações internacionais recomendadas pela ONU Turismo, adaptadas à realidade do Rio Grande do Sul. Os principais dados são provenientes do IBGE, por meio de convênio com o DEE, e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Para o desenvolvimento do trabalho, as atividades turísticas do Estado foram definidas em cinco grupos: alojamento e alimentação, comércio varejista, segundas residências, transporte de passageiros e outras atividades (que incluem aluguel de bens móveis, organização de viagens e eventos, e artes e recreação).
"A mensuração do valor adicionado pelo turismo é fundamental para compreendermos, com precisão, o impacto real da atividade na economia do Rio Grande do Sul e de cada município. Com esse painel de dados, damos um passo importante rumo à gestão estratégica do setor, com base em evidências e indicadores confiáveis. Isso nos permite planejar melhor, orientar investimentos públicos e privados, identificar potencialidades regionais e avaliar os resultados das nossas políticas”, salientou Santini. “O turismo não é apenas uma atividade complementar: ele movimenta cadeias inteiras da economia, gera emprego, renda e oportunidades para milhares de gaúchos. Ter acesso a essas informações é essencial para fomentar o desenvolvimento sustentável e qualificado do setor em todo o Estado”, completou.
Municípios
Dados de 2021 mostram que, em números absolutos, Porto Alegre lidera o ranking do valor adicionado das atividades turísticas. A capital do Estado atingiu R$ 2,1 bilhões, seguida por Gramado e Caxias do Sul. Considerando a participação percentual das atividades turísticas na economia de cada município, no entanto, Gramado ocupa a primeira posição, com 33,3%. A lista com os dez municípios melhores posicionados segue com representantes do Litoral Norte e da Região das Hortênsias: Arroio do Sal, Xangri-Lá, Imbé, Cidreira, Balneário Pinhal, Capão da Canoa, Tramandaí, Canela, Cambará do Sul e Torres. Em 2010, primeiro ano analisado pelo estudo, Gramado ocupava a sexta posição do ranking, enquanto Balneário Pinhal estava na liderança.
Segundas residências
Este é o único estudo a mensurar o impacto das segundas residências no turismo. Em 2022, o item correspondia a 17,4% do valor adicionado das atividades turísticas no Rio Grande do Sul. De acordo com o levantamento do DEE, o fenômeno é relevante no Estado em razão de algumas características: capital não litorânea, mas próxima ao mar; elevada população flutuante em cidades litorâneas durante o verão e grande expansão imobiliária no Litoral Norte nos últimos anos. Além disso, a existência de segundas residências para visitantes tende a ser superior à oferta hoteleira, o que reforça a necessidade de sua inclusão entre as atividades consideradas características do turismo.
Texto: Karine Paixão/Ascom SPGG
Edição: Secom