Laudos médicos e periciais não apontam sinais de violência em Izabelly Brezzolin, mas pais seguem presos
Laudos médicos e do Instituto-Geral de Perícias (IGP) descartaram a existência de sinais de violência física ou sexual em Izabelly Brezzolin, de 11 anos, que morreu no dia 7 de maio, em São Gabriel, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. A informação, confirmada pela Polícia Civil, contradiz declarações iniciais da própria corporação, feitas no início da investigação.
De acordo com a Santa Casa de São Gabriel, que atendeu a menina, os exames realizados na entrada da paciente não apontaram fraturas de costelas, hematomas nem lesões compatíveis com violência sexual. O único diagnóstico confirmado foi o de pneumotórax — acúmulo de ar entre os pulmões e a parede torácica, condição que pode ter origem em complicações respiratórias, como uma pneumonia.
O laudo de necropsia, elaborado pelo IGP e entregue no domingo (11), reforça a conclusão: não há indícios de agressão física nem de abuso sexual. O documento foi encaminhado à equipe de investigação na segunda-feira (12).
As primeiras informações divulgadas pela Polícia Civil indicavam que Izabelly teria dado entrada no hospital com fraturas nas costelas, perfuração no pulmão, hematomas pelo corpo e sangramento vaginal. A origem dessas declarações, segundo a polícia, foi um diagnóstico preliminar feito pela equipe médica de plantão, que acabou sendo descartado após exames mais detalhados.
A investigação, conduzida sob sigilo, não foi comentada pelo delegado Daniel Severo, titular da Delegacia de Polícia de São Gabriel. Em nota, a Polícia Civil afirmou que “houve uma avaliação inicial médica que apontava sinais de violência, o que justificou o início da apuração com foco em possíveis crimes”. A corporação diz que continua investigando outras evidências.
Apesar da ausência de lesões constatadas nos exames, os pais de Izabelly seguem presos preventivamente, suspeitos de maus-tratos e estupro de vulnerável. Dois pontos sustentam a continuidade da apuração com foco nos responsáveis legais da criança:
Demora no atendimento médico: Segundo a polícia, a menina apresentava sintomas graves havia pelo menos três dias, sem ter sido levada ao hospital pelos pais — o que poderia configurar negligência e maus-tratos.
Depoimentos: A mãe da criança relatou aos policiais que o pai tinha comportamentos suspeitos, levantando hipóteses de abuso sexual, ainda sob apuração.
A morte de Izabelly continua sendo tratada como caso de alta complexidade, com apuração em curso. A polícia ainda aguarda novas diligências e análises técnicas, incluindo o cruzamento de depoimentos e laudos complementares.
O caso mobilizou a comunidade local e ganhou repercussão estadual. Até o momento, não há previsão para o fim das investigações.
Em relação ao caso Izabelly, informamos que a prisão em flagrante efetuada ocorreu à luz dos elementos de informação colhidos no momento em que a Polícia Civil teve conhecimento dos fatos.
3 Conselheiras Tutelares se encontravam no Hospital, a pedido de funcionários da instituição, diante de possível caso de lesões, inclusive genitais e notícias de fraturas. Foi chamada a guarnição da BM que, tomando ciência da situação, solicitou a presença da Polícia Civil. A vítima já se encontrava com dreno no peito e intubada.
Documentos da evolução da paciente e depoimentos davam conta da chegada da vítima em estado de choque, com lesões, inclusive genitais, que precisavam ser esclarecidas. Para além disso, a mãe da vítima relatou ter flagrado seu companheiro realizando carícias indevidas na filha, o que ocasionou discussão entre o casal.
Diante disso, foi lavrado APF, pelo crime de maus-tratos, na modalidade de privação de cuidados indispensáveis, qualificado pelas lesões graves, e majorado pela idade da vítima (art. 136, §§1º, e 3º, do CP), haja vista que a vítima estava acamada desde domingo, e que desde terça-feira não mais falava, e também pelo crime de estupro de vulnerável, diante dos relatos da mãe e dos documentos até então existentes.
Em relação ao laudo pericial, causa estranheza o fato de os veículos de comunicação terem tido acesso a ele antes que esse órgão policial.
Não obstante, independentemente das conclusões periciais, que, inclusive, podem ser objeto de questionamento, o crime de maus-tratos, agora qualificado pela morte, ostenta materialidade inequívoca. A vítima chegou em choque clínico, devido à sonegação de busca de atendimento médico pelos pais. Em relação ao possível estupro, lembra-se que ele não se consuma apenas com penetração, mas com qualquer ato libidinoso, e os elementos de informação, tanto no momento do flagrante, quanto no andamento da investigação apontam para a sua existência.
A Polícia Civil atua com responsabilidade como primeiro garantidor das liberdades e garantias franqueadas pela CF. No entanto, diante de elementos de convicção que façam concluir a respeito da culpabilidade, deve agir para evitar a impunidade e preservar a investigação criminal.
A Irmandade da Santa Casa de Caridade de São Gabriel informa que a paciente Isabelly Carvalho Bresolin foi imediatamente e exemplarmente atendida pelo plantonista e por toda a equipe envolvida no atendimento, sendo realizados todos os procedimentos necessários com agilidade e responsabilidade.
Após avaliação clínica e realização de exames de imagem, foi identificado um quadro de pneumotórax, sendo imediatamente acionada a equipe de cirurgia geral, que realizou a colocação de dreno torácico, procedimento essencial para estabilização do quadro respiratório da paciente.
Diante da necessidade de cuidados intensivos especializados, foi providenciado o encaminhamento de Isabelly para a UTI Pediátrica em Santa Maria, por meio de ambulância disponibilizada pelo Município.
Esclarecemos que nenhum dos exames realizados no momento da admissão apontou fraturas de costelas ou indícios de violência sexual.
A Santa Casa não possui qualquer relação com as informações que vêm sendo divulgadas sobre o caso e reforça que não divulga dados clínicos de pacientes, especialmente nos casos que envolvem menores de idade, em estrito cumprimento ao sigilo médico, conforme previsto no Código de Ética Médica, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e demais legislações vigentes.
Todas as informações clínicas e documentações pertinentes foram encaminhadas exclusivamente aos órgãos competentes responsáveis pela investigação.
A instituição reafirma seu compromisso com a ética, a responsabilidade e a integridade na prestação do atendimento, sempre com foco no cuidado, na vida e no respeito aos pacientes e seus familiares.