De acordo com o IT Fórum, o mercado de logística terá um impulso significativo para elevar a produtividade por meio de investimentos em tecnologias como inteligência artificial (IA), internet das coisas (IoT), análise preditiva e plataformas integradas de gestão. Dessa forma, a principal resposta das empresas líderes em logística para enfrentar instabilidades do mercado, como variações na demanda, interrupções no fornecimento e custos crescentes de operação, reside em um maior investimento em tecnologias e inovação, buscando criar patamares de automação. O objetivo é compensar obstáculos com eficiência operacional, redução de custos e um atendimento mais efetivo às demandas dos consumidores, garantindo, assim, maior estabilidade.
Especialistas em sistemas gerenciais concordam que compreender e adotar a integração de tecnologias avançadas, como Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial (IA), Big Data, blockchain, robótica e automação, não é mais uma mera opção, mas sim uma necessidade estratégica fundamental para manter a competitividade em um mercado cada vez mais dinâmico e impulsionado pelas novas demandas de consumo. O relatório da McKinsey destaca resultados expressivos: empresas que incorporam a IA em seus processos logísticos podem alcançar uma redução de custos de até 15% e uma melhoria na eficiência operacional de até 35%.
Para Rodrigo Rojas, mestre em engenharia e gestão industrial pela Universidade de Coimbra, o uso estratégico dessas tecnologias rompe com a antiga dicotomia entre eficiência e resiliência. “Eficiência operacional e resiliência não são mais objetivos antagônicos. Hoje, com machine learning, conseguimos antecipar rupturas e ajustar o planejamento de forma proativa. O retorno sobre o investimento em plataformas integradas está mais evidente do que nunca”, afirma o especialista.
Esse cenário já reflete uma mudança estrutural no papel da logística, onde as cadeias de suprimentos precisam ser intrinsecamente mais resilientes e seguras. Empresas que adotam plataformas de gestão unificadas, munidas de IA e machine learning, conseguem otimizar seus níveis de estoque e reduzir significativamente as perdas operacionais, conforme aponta Rodrigo Rojas, que coordenou o setor de qualidade e ambiente da DHL Parcel Portugal — empresa reconhecida como Top Employer Global 2020. “A combinação entre dados em tempo real e algoritmos inteligentes permite uma tomada de decisão mais ágil e precisa”, explica.
Um dos setores que tem atraído valorização é de galpões logísticos. Impulsionado pelo crescimento exponencial do e-commerce no Brasil, o setor de logística tem buscado modernizar e ampliar os centros de distribuição para atender a grandes players como Shopee, Mercado Livre e Amazon. Na visão de Rojas, que atua como líder em otimização logística e melhoria contínua, a cadeia de suprimentos deixou de ser uma função meramente reativa para se tornar um ativo estratégico crucial para as organizações. “A adoção coordenada de IA e IoT transforma a logística em uma central de inteligência em tempo real, permitindo decisões que antes demandavam semanas, agora são tomadas em questão de minutos”, destaca o especialista.
Dados do Fórum Econômico Mundial revelam que 80% das empresas consideram a digitalização essencial para a construção de cadeias de suprimentos mais ágeis e resilientes. Contudo, segundo especialistas, o futuro da logística também trilhará o caminho da sustentabilidade. Segundo o especialista Rojas, a sustentabilidade está hoje intrinsecamente conectada à performance logística. “Sustentabilidade deixou de ser um diferencial e passou a ser um pré-requisito fundamental. A rastreabilidade em tempo real e o uso de IA para otimização energética são exemplos claros de como tecnologia e responsabilidade ambiental caminham juntas. As metas ESG estão agora profundamente integradas às KPIs logísticos”, pontua.
Conforme relatório “Supply Chain Outlook Report 2025” da Prologis, a implementação de cadeias de suprimentos na nuvem e a adoção de sistemas de estoque em tempo real figuram entre as principais tendências da logística para 2025. Rojas esclarece que essas tendências representam uma mudança de paradigma. A contínua evolução tecnológica impulsionará o desenvolvimento de sistemas autônomos que não apenas executarão tarefas logísticas, mas também aprenderão com cada interação, antecipando potenciais crises e identificando oportunidades de melhoria de forma automática. “Essa abordagem exige que as empresas invistam em ecossistemas digitais interconectados, priorizando a interoperabilidade entre sistemas, sensores e agentes humanos. Estamos saindo da automação de tarefas isoladas para a orquestração de processos inteiros com capacidade adaptativa. De nada adianta automatizar sem conectar,” comenta o especialista.
De forma geral, a transformação do setor logístico está em pleno movimento, impulsionada pelo impacto multifacetado da tecnologia. Conforme pontua Rojas, a transparência em todas as etapas da cadeia de valor, o cultivo estratégico de parcerias tecnológicas e o uso inteligente e analítico de dados são práticas que consistentemente distinguem as organizações mais resilientes e inovadoras. “A verdadeira vantagem competitiva reside em uma robusta cultura de dados. Estratégia sem uma base analítica sólida é mera especulação. Transparência e colaboração efetiva com parceiros criam um ecossistema logístico antifrágil — capaz não apenas de resistir aos desafios, mas de aprender e melhorar com eles”, finaliza Rojas.