Milhares de simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro voltaram às ruas, neste domingo, 19, para fazer carreatas a favor dele em diferentes cidades do país. Bento Gonçalves foi uma delas, com o grupo de apoiadores reunindo centenas de veículos em carreata pelas ruas da Capital do Vinho.

A mobilização em prol do presidente teve manifestos contra os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, do Senado, Davi Alcolumbre, e do STF, Dias Tóffoli. Além disso, alguns apoiadores pediam o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF) por meio de uma intervenção militar, conclamando o retorno do AI 5.

Neste domingo, 19, é comemorado o Dia do Exército Brasileiro. Em Bento Gonçalves, a concentração da carreata foi na praça Achyles Mincarone, na divisa dos bairros Planalto e São Bento.  Centenas de carros, caminhonetes e caminhões circularam pelas principais vias da cidade, num buzinaço ensurdecedor que manifestava o apoio às ações do presidente Jair Bolsonaro. Donos de empresas de transporte cederam seus caminhões para participarem da mobilização.

O grupo circulos por várias vias na área central e depois se dirigiu até a frente das dependências do 6º Batalhaão de Comunicações (6º BCOM), no bairro São Roque, onde eram esperados por um grande grupo de pessoas a pé. Vestindo camisetas verde e amarelo, utilizando a bandeira do Brasil ou a camiseta da Seleção Brasileira, os apoiadores gritavam as palavras de ordem: Fora Maia, Fora STF, Fora Alcolumbre, entre outras. Os apoiadores de Bolsonaro pediam também o fim do Projeto de Lei 149, que está sendo votado no Congresso Nacional.

Foram mais de duas horas de mobilização, encerradas sem que nenhum incidente tenha sido registrado nas ruas da cidade. A carreata foi escoltada por uma viatura da Brigada Militar, que acompanhou a mobilização com algumas viaturas.

O que é o AI-5 pedido na mobilização

O Ato Institucional Nº 5 (AI-5) foi emitido pelo presidente Artur da Costa e Silva em 13 de dezembro de 1968 e foi considerado o mais duro de todos do Regime Militar que comandou o país a partir de 1964. O Brasil se tornou um estado de exceção, governado por militares. Isso resultou no fechamento do Congresso Nacional, com a perda de mandato de parlamentares contrários aos militares. Intervenções ordenadas pelo presidente nos municípios e estados e também na suspensão de quaisquer garantias constitucionais que eventualmente resultaram na institucionalização de violência nas ruas contra manifestantes, usada como instrumento pelo Estado. O AI-5 foi feito em represália ao discurso do deputado Márcio Alves na Câmara dos Deputados, em 2 de setembro de 1968. Nesse discurso, o deputado fez duras críticas aos militares, conclamando a população a realizar protestos de rua e sugeriu que as mulheres dos militares fizessem uma greve de sexo até que a democracia fosse restaurada.

Para alguns dos apoiadores de Bolsonaro, a volta do AI-5 seria a única forma que o presidente conseguiria garantir as mudanças que ele pretende fazer no país, sem precisar negociar cargos e ter que barganhar votos com deputados e senadores.

O que diz o Projeto de Lei Complementar 149/20 que está sendo votado no Congresso

O Projeto de Lei dispõe de regras de acompanhamento fiscal e propõe suspensão do pagamento das parcelas mensais das dívidas dos estados, do distrito federal e dos municípios com a União durante o período de calamidade pública. Para os apoiadores de Jair Bolsonaro, a forma como foi aprovado na Câmara dos Deputados recentemente, o projeto tira a obrigação dos estados e municípios. Eles acreditam que o Congresso Nacional tem que ajudar e não só criar rombo nos cofres da União.