O Hospital Tacchini confirmou, nesta quinta-feira, dia 2, que a idosa de 88 anos que faleceu na última terça, 31 de março, não estava infectada com o novo Coronavírus (Covid-19). Após a morte da mulher, o caso foi tratado como suspeito e divulgado para a imprensa como o de uma possível primeira vítima da pandemia em Bento Gonçalves.

Ainda no começo desta tarde, a família da senhora relata ter sido contatada pela instituição para receber o resultado do exame. O laudo indignou os parentes, que afirmam ter contestado, desde o início da internação, na segunda-feira, 30, que a idosa pudesse se encaixar no rol de pacientes a serem investigados, embora – pela avançada idade e pelo estado de saúde – estivesse no grupo de risco. “Quando ela entrou no hospital, levada pelo Samu, já foi logo transferida para o Posto 7. Na hora, todo mundo estava transtornado em função da situação, e ninguém se deu conta que a levaram para o isolamento de pacientes com suspeita de Covid-19. O hospital se recusava a escutar a família e eles tinham todo o histórico dela. A gente tem como provar que ela não tinha e nunca teve nenhum sintoma”, ressalta uma amiga que está dando suporte à família, e que preferiu não se identificar.

Segundo ela, a senhora sofria de Alzheimer e Parkinson, cujas enfermidades já se encontravam em um estágio avançado. Desde agosto de 2019, ela estava em uma clínica de repouso e, desde dezembro, já fazia uso de oxigênio. “Era uma paciente acamada, que se alimentava por sonda, que não viajou e não teve contato com alguém que tenha viajado. A família, infelizmente, já esperava pelo óbito. Na segunda (dia 30), eles optaram por levá-la ao hospital para que ela tivesse um pouco mais de conforto nos momentos finais, mas isso acabou gerando um sofrimento ainda maior para todos”, completa.

A maior dor enfrentada pela família, conforme o relato da amiga, é de não ter podido fazer uma despedida adequada, além da exigência de que os parentes que estiveram mais próximos dela nos últimos dias também permanecessem isolados como suspeitos de contágio. A morte ocorreu às 21h do dia 31, e o corpo foi liberado à 1h do dia seguinte. Às 11h, sem velório e em um caixão lacrado, ocorreu o sepultamento. “Isso afetou a vida de todo mundo”, finaliza. Outra situação que incomodou a família foi o vazamento do atestado de óbito, que começou a circular em grupos de WhatsApp.

O que diz o hospital
Durante a transmissão ao vivo realizada nesta quinta, pelo Facebook, a médica infectologista do Tacchini, Nicole Golin, explicou por que o caso da idosa foi tratado como suspeito de Covid-19. De acordo com a profissional, todo caso que tiver sintomas que se enquadrem nos critérios do Ministério da Saúde serão tratados desta forma. “Nós temos que cumprir os protocolos do Ministério e tomar todas as medidas de precaução. Na dúvida, a gente coloca como possibilidade, vamos manejar como sendo, fazer o exame e depois trazer o resultado”, aponta. 

Em breve comunicado divulgado nesta semana, o Tacchini já havia informado que “a paciente foi atendida em leito de isolamento devido aos seus sinais e sintomas, uma vez que deu entrada no hospital apresentando febre e tosse seca, além de comorbidades. A medida está de acordo com protocolos institucionais baseados nas Normas Técnicas do Ministério da Saúde e Anvisa e teve o objetivo de garantir a segurança deste e dos demais pacientes, além da equipe multiprofissional”. Como ressaltado anteriormente, essa versão a respeito dos sintomas é duramente contestada pela família.