A comunidade escolar do Colégio Estadual Landell de Moura, localizado no bairro Planalto, tem vivido dias de apreensão com rumores que indicam a possibilidade de vários cortes na oferta de vagas no educandário. Na semana passada, o NB confirmou junto à 16ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) que o município já havia manifestado, desde 2019, interesse em assumir o Ensino Fundamental no local, e que isso estava sendo negociado junto ao Estado para definir como poderia se dar a cessão de uso.

Naquela ocasião, o coordenador da CRE, Alexandre Misturini, chegou a afirmar que, em caso de acordo entre as duas partes, as alterações não seriam imediatas e que, sob hipótese alguma, o Ensino Médio seria fechado – nesta semana, contudo, uma ordem estadual extinguiu a única turma de primeiro ano da tarde, fazendo com que agora 31 alunos tenham que buscar uma nova escola às pressas. As turmas de segundo e terceiro seguem em funcionamento, mas tudo indica que sejam as últimas do turno.

A notícia pegou pais e alunos de surpresa. Na última terça-feira, 3, os estudantes foram informados que, já no dia seguinte, não poderiam mais frequentar as aulas. Orientados a buscar mais informações na 16ª CRE – já que a direção foi apenas incumbida de transmitir a mensagem –, receberam três opções de escolha: no próprio Landell, de manhã; à tarde no Colégio Visconde de Bom Retiro, no bairro Santa Rita; e à noite no Mestre Santa Bárbara, no Progresso.

A modificação atinge em cheio a rotina de famílias que já tinha garantido a matrícula no Landell desde o ano passado, e que residem nos bairros próximos, como Fenavinho e Vila Nova I e II. É o caso de Luciane Oliveira: o filho dela, de 15 anos, é um dos que tiveram a vaga retirada. Para agravar a situação ainda mais, o jovem frequenta, no turno da manhã, o curso de Mecânico de Usinagem CNC, no Senai, que fica ao lado da escola. “Ficou muito ruim para a gente, como vamos fazer agora? Não tem como eles saírem do curso, vir para casa e depois ir para o Bom Retiro. Eles vão ter que ir direto do Senai para a aula, mas aí vão ficar sem almoço?”, questiona a mãe.

Problema semelhante é encarado por Gorete Gritti, que também tem a filha da mesma idade no Senai. “Como eles podem fazer uma coisa dessas agora que as aulas estão começando? Deveriam ter falado no dia da matrícula que isso podia acontecer, mas ninguém disse nada. De manhã ela não pode, então nos deram uma opção do outro lado da cidade e uma de noite. Tudo complica, porque o curso dela depende da frequência escolar e eu não quero que ela perca essa oportunidade, mas não temos como pagar transporte”, lamenta.

Impedida de se manifestar, a direção do Landell não faz comentários sobre o tema. No entanto, a reportagem apurou que o clima no colégio é de bastante indignação, tanto entre os profissionais docentes que atuam na escola quanto entre os alunos, sobretudo pelo fato de que os dois grupos, assim como as famílias, sequer foram chamados para debater uma questão de tamanha relevância. Internamente, o movimento estudantil já se organiza para uma mobilização em defesa da manutenção do Ensino Médio, pois há o temor de que, na sequência, todas as turmas sejam fechadas ou transferidas. O impasse também deve ser levado ao Ministério Público Estadual (MP-RS) nas próximas semanas.

Na quarta-feira, dia 4, a reportagem tentou novo contato com o coordenador da 16ª CRE, para esclarecer alguns pontos a respeito do fechamento da turma, mas foi informada que ele cumpre agenda de trabalho em Porto Alegre até esta quinta-feira, 5. Nenhum outro representante do órgão está autorizado a falar sobre o assunto.