Os postos de saúde do interior de Bento Gonçalves não estão mais distribuindo medicamentos. A situação foi revelada após a reclamação de moradores dos Distritos de Tuiuty e Faria Lemos ao vereador Agostinho Petroli (MDB). A explicação da Secretaria de Saúde é que há novas normas que só permitem que um farmacêutico faça a entrega dos remédios e não há verba para colocar um profissional em cada posto, contudo, há divergências nas informações quando comparadas com o que é dito na própria UBS. 

A situação foi exposta pelo vereador Agostinho Petroli (MDB) em sua fala na tribuna da última segunda-feira, 04 de dezembro. "As unidades do interior não podem mais entregar remédios, pois precisa de um farmacêutico. Imagina moradores lá de Tuiuty e Faria Lemos que o médico receita paracetamol e precisa vir aqui na cidade para buscar. Então não precisa mais de Unidade de Saúde lá, vem direto aqui. Peço que o Poder Público busque alternativas para essa situação," revela Agostinho. 

A Reportagem do NB conversou com o vereador que trouxe mais alguns detalhes sobre o problema. "Recebi uma solicitação de um morador de São Valentim, comunidade de Tuiuty. No relato, o paciente consultou na unidade e foi informado que a unidade não dispunha mais de medicação pra ser entregue. Assim que recebi a demanda já fui verificar e nos disseram que é uma alteração em uma norma, que destaca que para a dispensa de medicação é necessário um profissional da área da farmácia (farmacêutico) e como solução o município retirou as farmácias básicas. Acho importante que se tenha o cuidado de ter um profissional capacitado para a dispensa adequada de medicação, mas retirar o serviço nem de longe é o ideal," coloca Petroli.

Na opinião de Agostinho, a mudança só causaria uma superlotação em outros postos de saúde da cidade e sugere que a Prefeitura coloque um profissional itinerante para atender as demandas locais. "Porque não criar um cargo de farmacêutico volante? Que possa estar alternando turnos entre essas unidades e que se tenha pelo menos a dispensa da medicação no dia da consulta. Ao meu ver isso vai acabar criando uma demanda em postos maiores, como é o caso do São Roque, pois não há necessidade de ir até a minha unidade me consultar sendo que depois vou ter que me deslocar pra pegar a medicação? Já faço tudo no mesmo local," opina o vereador. 

Questionamos o Secretário da Saúde, Gilberto Júnior, sobre o assunto e o mesmo salienta que todas as unidades do interior ainda estão com a distribuição de remédios básicos, mas para receitas controladas ou contínuas os moradores precisarão se deslocar até a cidade, pois não há verba para manter um farmacêutico nessas localidades. "Temos medicamentos básicos nas farmácias do interior, mas de acordo com regramento do Conselho Nacional de Farmacologia e Ministério da Saúde, para manter medicamentos de uso contínuo e controlados, temos que ter uma farmacêutica. Se torna inviável ter um profissional em cada posto de saúde, muito pela baixa procura em algumas unidades, dessa forma, a centralização é a melhor alternativa, lembrando que o local que tem maior fluxo e procura é a Unidade Central," explica o Secretário. 

Contudo, a Reportagem se passou por uma paciente e ligou na Unidade Básica de Saúde de Tuiuty e a informação foi que nenhum remédio está sendo distribuído, nem mesmo paracetamol ou ibuprofeno, e o que ainda há no espaço é somente para uso de emergências, administradas pelo médico.