Um novo capítulo na trajetória da inovação do Brasil se desenha com destaque na última edição do Índice Global de Inovação (IGI), elaborado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO) e compartilhado no país em colaboração com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os resultados revelam que o Brasil subiu da 54ª para a 49ª posição em 2023, conquistando a liderança na lista das economias da América Latina e Caribe, que anteriormente pertencia ao Chile.
Esse movimento ascendente reflete uma mudança significativa nas prioridades do governo, alinhadas com a política de neoindustrialização, que prevê investimentos vultuosos no setor nos próximos anos.
A Posição do Brasil no IGI
Ao observar a trajetória do Brasil nos últimos anos, notamos que o país já alcançou sua melhor classificação em 2011, ocupando o 47º lugar. No entanto, as posições subsequentes indicaram um declínio, chegando à 70ª posição em 2015. Desde então, o Brasil vem apresentando uma recuperação progressiva, culminando no salto recente para a 49ª posição.
Embora esse avanço seja inegável, uma análise mais detalhada das notas do IGI revela um panorama mais complexo. Apesar de o Brasil demonstrar forças específicas e superar as expectativas em seis dos sete grupos de avaliação, as notas gerais permanecem praticamente inalteradas. Isso indica que outros países também estão evoluindo, e, em certos aspectos, em um ritmo mais acelerado.
O Histórico de Inovação do Brasil
Desde os anos 1990, o Brasil tem fortalecido seu sistema de inovação. Políticas como a Lei de Informática, os incentivos para a indústria PDTI e PDTA, e a atuação de agências como a FINEP contribuíram para o cenário de inovação do país. A partir dos anos 2000, a FINEP e o BNDES desempenharam papéis ainda mais significativos, oferecendo políticas e linhas de financiamento dedicadas. A Lei do Bem, implementada em 2005, estimulou bilhões em investimentos nos últimos 17 anos, com um valor impressionante de R$35 bilhões somente em 2022, fortalecendo ainda mais o compromisso do Brasil com a inovação.
No entanto, apesar desses avanços, o país experimentou um processo acentuado de desindustrialização desde os anos 1980. A fragilização da base industrial, aliada à crescente ênfase no agronegócio, resultou na perda de empregos qualificados e na crescente dependência de importações.
As Políticas Públicas atuais de Neoindustrialização
A neoindustrialização, defendida como prioridade pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), busca reverter essa tendência. O plano visa modernizar a indústria nacional de maneira sustentável, abrindo caminhos para setores que enfrentam desafios. Segundo José Luis Gordon, presidente do BNDES: "Este é o momento com a maior alocação de recursos voltados para a inovação no país, com taxas de juros atrativas para o setor empresarial e coordenação de governo focada na atividade de inovação."
André Moro Maieski, especialista em inovação e sócio da Macke Consultoria, destaca iniciativas como o programa "Mais Inovação Brasil," que disponibilizará R$ 66 bilhões com taxas reduzidas para projetos de inovação por meio da FINEP e BNDES. Esse programa faz parte do Plano Plurianual, que conta com um orçamento de R$ 900 bilhões ao longo dos próximos quatro anos, preparando o país para uma revolução industrial mais sustentável e inovadora.
Esse investimento maciço, juntamente com outros mecanismos de incentivo, como a consolidada Lei do Bem (Lei 1.196/2005), reflete o compromisso do Brasil com a inovação. A visão é clara: construir uma economia diversificada, qualificada, justa e sustentável, em conformidade com as demandas globais e locais do século XXI.
O potencial brasileiro frente às grandes economias
O Brasil é uma das dez maiores economias do mundo, e sua 49ª posição no Ranking Global de Inovação, embora promissora, não corresponde à sua potência econômica. Esse paradoxo destaca a necessidade de avançar na área de inovação.
Como líder global em biodiversidade, o Brasil possui um trunfo inexplorado: a oportunidade de liderar a "ecoinovação." Essa integração entre inovações tecnológicas e práticas sustentáveis, conforme observa André Maieski, pode ser um divisor de águas para a nação.