A situação do morador de Bento Gonçalves Romeu Franco Ribeiro, de 64 anos, diagnosticado com câncer de próstata, é desesperadora. Isso porque ele aguarda há dois meses o encaminhamento por parte do Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento oncológico. A família entrou com pedido na Defensoria Pública e, enquanto aguarda decisão do Sistema Nacional de Pareceres e Notas Técnicas (Natjus Estadual), que avalia o regime de urgência, Romeu segue sofrendo com fortes dores e com o risco de o câncer evoluir. 

No dia 20 de fevereiro, Romeu foi diagnosticado com câncer de próstata. Desde então aguarda para ser encaminhado para o tratamento oncológico. Por conta da demora, a família entrou com uma solicitação na Defensoria Pública para agilizar o processo, uma vez que a fila para o tratamento oncológico cresceu consideravelmente, fenômeno que se notou em todo Estado. 

“O PSA (enzima produzida pelas células da próstata) está bem alto. Ele tem dores lombares, muita dificuldade para urinar, e demora para urinar. Tem toda essa complicação e mais a dor, que a gente maneja com medicação. O tempo é vida e estamos falando de câncer. Não temos como prevermos, a única coisa é que ele é um paciente jovem, que não tem doença nenhuma, e pode ter uma complicação por uma negligência de tempo, por dependermos de uma burocracia”, salienta a filha, Rosimeri. 

Rosimeri entrou em contato com a secretaria, que explicou que, com a liminar do juiz, o município terá um determinado intervalo de tempo para cumprir o que foi despachado pela autoridade judicial. Portanto, o encaminhamento de Romeu para o tratamento depende da resposta do Natjus. “Temos que aguardar que essa equipe avalie e que encaminhe para o setor jurídico da secretaria de saúde para o órgão se manifestar no processo. Quanto tempo isso leva? Não se tem uma previsão. Está escrito urgente, entendo que seja para já, o mais breve possível”, pondera. 

A filha comenta que a família pretende realizar exames e consultas oncológicas no particular para que se agilize o processo para o tratamento do câncer. “Não vejo agilidade. Cada dia esse tumor pode estar se espalhando por um lugar diferente. Cada dia diminui ainda mais as chances de cura”, comenta. 

Aumento na demanda para tratamento oncológico tem sido a causa da demora para o encaminhamento de pacientes

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o paciente está aguardando o encaminhamento do tratamento pelo Hospital Tacchini, que é referência na região, atendendo não só Bento Gonçalves, como também outros municípios da Serra Gaúcha. A advogada da família recomendou que fosse feito a judicialização para que o processo se tornasse mais ágil. “Eles estão aguardando a liminar do juiz para dar o despacho no processo para fazer o bloqueio dos valores, ou seja, o município arca com 50% e o estado com 50%, assim como todos os processos judiciais que acontecem no município”, explica o órgão. 

Conforme a secretaria, houve um aumento significativo na demanda após a pandemia da Coivid-19 a nível estadual, o que motivou o estado a tomar medidas. Na segunda-feira (20), a prefeitura recebeu R$ 1 milhão e 700 mil para agilizar o atendimento para pacientes que necessitam de tratamento oncológico. “É uma questão de nível estadual. Houve muito esse acréscimo de pacientes necessitando de tratamento oncológico depois da pandemia, o que tem nos preocupado muito, não só nós, mas todos os municípios, pois deixa uma série de alertas para todo mundo”, comenta a secretaria de saúde de Bento Gonçalves.