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Empreendedores do Vale dos Vinhedos alegam conflito de interesse na votação contra complexos turísticos

Muitos empresários alegam que não foram consultados sobre o posicionamento em relação a chegada de grandes empreendimentos no distrito de Bento Gonçalves. Conselheira fala em criação de um "Cinturão de Miséria" no Vale.

Marcelo Dargelio
Por: Marcelo Dargelio
27/03/2022 às 19h17 Atualizada em 28/03/2022 às 13h15
Empreendedores do Vale dos Vinhedos alegam conflito de interesse na votação contra complexos turísticos
Para alguns empreendedores, chegada dos resorts deve ser acompanhada de desenvolvimento e infraestrutura

A decisão tomada pelo Conselho Distrital do Vale dos Vinhedos de barrar a construção dos chamados mega resorts no distrito de Bento Gonçalves não agradou uma boa parte dos empreendedores que atuam no local. Segundo um grupo de empresários a decisão foi tomada de forma unilateral, atendendo a interesses do setor de hospedagem e deixando de lado, principalmente, os representantes do setor gastronômico.

A decisão do Conselho Distrital foi de 10 votos a 2 contra a construção do Bewine Resorts e de um parque temático por meio de uma parceria da Vinícola Salton e a Gramado Parks. Porém, na mesma reunião, liberou a construção do Castelos do Vale Resort, que será construído junto à Vinícola Dom Cândido. A decisão foi vista por alguns empreendedores do Vale dos Vinhedos como uma maneira de proteger os empresários que já exploram o ramo de hospedagem.

Segundo um empreendedor que pediu para não ter o nome revelado pela reportagem, foi formado um grupo muito forte para evitar que grandes empreendimentos entrem no Vale dos Vinhedos. Ele revela que alguns empresários são intimidados pelo grupo quando contrariam suas decisões. "Eles dominaram o Conselho Distrital e persuadiram muitos conselheiros para que somente os seus interesses sejam aprovados. Tem conselheiros que aparecem como suplentes no conselho, mas dão as cartas e direcionam o que deve ser feito. Muitos têm hotéis, pousadas e até casas para aluguel via Airbnb. Não querem ver o seu negócio prejudicado. No caso do Bewine, por exemplo, em nenhum momento eles citam o plantio de quase 2 hectares de vinhedos ao longo da área de construção, aliado a todas as atrações voltadas para o mundo do vinho que estão preparadas", destacou o empresário.

Uma empresária revelou que está na expectativa para que a decisão do Conselho Distrital seja revertida. Ela acredita que se a prefeitura incluir medidas mitigatórias que permitam uma melhor gestão do tráfego de veículos no Vale dos Vinhedos e uma melhoria significativa da infraestrutura, todos os empreendimentos têm a ganhar. "As pessoas que rejeitaram esses projetos não entendem que nosso movimento hoje é mais aos finais de semana. Com a chegada de grandes empreendimentos, poderíamos ter movimento a semana inteira, com a vinda de excursões quase que diariamente para se hospedar no Vale dos Vinhedos. A construção desses resorts tem que vir acompanhada de um investimento pesado em infraestrutura, caso contrário poderemos ter problemas", destacou a empreendedora.

Durante reunião, conselheira fala em criação de "cinturão de miséria"

Um áudio atribuído a uma das conselheiras distritais do Vale dos Vinhedos foi disseminado nas redes sociais durante o final de semana e foi taxado como sendo de tom preconceituoso com a vinda de pessoas de fora para trabalhar no Vale dos Vinhedos. "De onde virá a mão de obra para trabalhar nesses empreendimentos. Que impacto isso vai gerar na cultura do Vale dos Vinhedos, quando hoje nós já temos o pessoal que vem do Nordeste atacando na rua para levar pra dentro dos seus empreendimentos, a fim de vender fração do conceito da multipropriedade", destaca a conselheira.

Ela vai além e fala também da geração de empregos, citando que será criado um "Cinturão de Miséria" no Vale dos Vinhedos. "Entendam que eu posso gerar empregos, mas eu não posso gerar um bolsão. Olhem o que aconteceu com Barra de Sauípe,  gerou um anel de miséria, de pobreza, que os hóspedes tem medo de entrar. São empreendimentos decadentes. Nós vamos onerar a cidade com um cinturão de miséria que virá com certeza. São 60 hectares que hoje estão meio abandonados da Salton que vai virar uma vila", finalizou a conselheira.

Confira a íntegra do áudio

Bewine se coloca à disposição para sentar com os conselheiros

Os representantes do grupo Bewine Resorts também se manifestaram sobre a decisão do Conselho Distrital do Vale dos Vinhedos. Eles enviaram uma nota com o seguinte comunica:

O Bewine foi aprovado em novembro de 2021 pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (IPURB) de Bento Gonçalves e cumpre rigorosamente todas as normas estabelecidas. Para a sua aprovação, foram solicitadas algumas adequações no projeto, e todas, sem exceção, foram executadas. 

Queremos manter o diálogo aberto com o Conselho Distrital do Vale dos Vinhedos e estamos à disposição para prestar qualquer esclarecimento – inclusive reapresentando o projeto aos conselheiros.   

O Bewine dará ainda maior impulso ao desenvolvimento social e econômico da Serra Gaúcha, principalmente para Bento Gonçalves e o Vale dos Vinhedos, onde será construído – reduzindo o déficit da rede hoteleira, já que dividido entre 421 apartamentos e o maior parque temático do vinho do mundo, o complexo terá capacidade de receber 1,6 milhão de público passante.  

Serão gerados mais de 2,4 mil empregos diretos e indiretos, em um investimento que ultrapassa os R$ 300 milhões, sendo o Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 1,3 bilhão.

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MarcosHá 3 anos São PauloA nota do grupo deixa claro que não pensa no efeito colateral do empreendimento. Portanto, isso é sim de responsabilidade do Poder público.
Rita Carraro Há 3 anos Bento Gonçalves R/SComo moradora do Vale. Natural que pagamos o preço do progresso. Em algum momento teriamos algumas divergências pela concorrência. Contra partida teremos valorização. Como diz a canção. O Vale que canta, encanta e cresce. Como vai crescer se não tiver fluxo de pessoas que consomem. Contudo devemos cobrar muito do poder público.
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