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Movimento LGBTQIA+ prega luta por direitos e por visibilidade no mercado de trabalho local

O grupo Bento Pride promove a Caminhada do Orgulho LGBTQIA+ neste domingo (25) em prol da busca por respeito e pelo combate contra o preconceito.

23/07/2021 às 20h20 Atualizada em 23/07/2021 às 21h50
Por: Kevin Sganzerla Fonte: NB Notícias
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Foto: Alencar da Rosa/GAZ
Foto: Alencar da Rosa/GAZ

 A profissional de beleza e influenciadora digital Giane Tedesco, de 23 anos, teve que encarar grandes dificuldades no mercado de trabalho até encontrar uma oportunidade de emprego. Aos 18 anos, apesar de contar com qualificação nas áreas de informática e de administração, e com inglês fluente, as empresas de Bento Gonçalves a rejeitavam por ser uma mulher trans. Essa realidade é vivenciada por diversas pessoas que se identificam com a comunidade LGBTQ+ no município e região. 

É justamente por esse motivo e pela busca por direitos, pela igualdade e, sobretudo, pelo respeito, que o grupo Bento Pride promove, de forma inédita, a Caminhada do Orgulho LGBTQIA+, que ocorre neste domingo (25), em frente à prefeitura, na Via del Vino, com destino à Rua Coberta, no bairro Planalto. 

O movimento, muito além de ser um ato de demonstração da união da comunidade LGBTQIA+, tem por objetivo defender o respeito e, principalmente, levantar bandeiras em prol dos direitos e de oportunidades no mercado de trabalho. 

Conforme o presidente do grupo Bento Pride, Willian Vargas, o evento visa dar o primeiro passo rumo a um futuro mais igualitário e humano para Bento Gonçalves. “Queremos mostrar para todas as pessoas que nós estamos aqui, que existimos e que nós somos alvos de preconceito sim. O principal objetivo desta caminhada é lutar por nossos direitos, por visibilidade principalmente no mercado de trabalho local e pelo respeito”, pondera. 

Essa será a primeira vez que um evento de celebração das diferenças de gêneros é realizado no município. De acordo com Willian, será um marco para a cidade. “É o primeiro evento público realizado a céu aberto, onde nós literalmente vamos ir às ruas da cidade, utilizar delas como um espaço livre, que nos é por direito, mas como uma comunidade unida, forte e determinada. Queremos mostrar que sempre existimos em meio à tanta descriminação, pois todos os dias estamos sendo humilhados, perseguidos e derrubados u por u, mas desta vez estaremos juntos”, explica. 

As escassas oportunidades no mercado de trabalho para a comunidade LGBTQIA+

Dentre as principais bandeiras levantadas pelo grupo é a busca por oportunidades de emprego para as pessoas que se identificam com a comunidade LGBTQIA+. Giane Tedesco, que hoje atua em um salão de beleza em Garibaldi, é um dos exemplos da dificuldade enfrentada para conseguir um trabalho por conta do preconceito. 

Aos 18 anos, falando inglês fluente e com diversos cursos de informática e administração, Giane entregou o seu currículo para diversas empresas dos mais variados ramos, a exemplo de supermercados. No entanto, ela relata que nenhuma empresa a chamou, pois preferiram contratar pessoas menos capacitadas para o cargo ante contar com uma mulher trans em seu negócio. “Em muitas empresas há preconceito velado. Eles têm medo de colocar uma mulher trans. e vincular essa mulher trans a sua empresa”, salienta.

Conforme Giane, após não encontrar oportunidades de emprego, optou por fazer um curso profissionalizante de cabelereira, uma vez que, segundo ela, haveria maior facilidade para adentrar ao mercado de trabalho. Mesmo assim, em Bento Gonçalves, Giane não foi aceita em nenhum lugar. 

No entanto, após um vasto período na procura por uma oportunidade na região, ela foi contratada para trabalhar em Garibaldi. “Lembro como se fosse hoje: a minha atual chefe, me disse que ela enfrentaria muito preconceito por me dar o emprego, mas que estava disposta e afirmou que iria me avaliar como profissional, e não pela minha identidade de gênero. Hoje nos damos superbem e eu tenho absoluta certeza de que a identidade de gênero de qualquer pessoa não define a forma como ela vai trabalhar dentro da sua empresa. Identidade de gênero não define a capacidade dela como profissional e também não define o caráter”, destaca. 

De acordo com Giane, a realidade de se deparar com inúmeras dificuldades para encontrar um emprego é ainda muito comum na região da Serra Gaúcha por conta do preconceito impregnado na sociedade. “Como mulher trans eu vejo o mercado de trabalho na região extremamente escasso para pessoas trans. Infelizmente, ainda há preconceito. Claro que muito menos do que há dez anos atrás quando eu entrei para o mercado de trabalho, mas ainda há sim preconceito, principalmente o dito velado, que é aquele indireto”, comenta. 

Entre as saídas mais procuradas por mulheres trans, segundo Giane, é a prostituição, sendo, por muitas vezes, a única oportunidade para sustentar-se. Ela relata que já teve inúmeras amigas trans assassinadas quando estavam se prostituindo como única forma de ganhar uma renda e por não receberem oportunidades nas empresas. 

“A grande maioria das minhas trans são garotas de programa não por opção, mas por falta de oportunidade. Muitas não têm condições de fazer um curso, de terminar os estudos, as portas das empresas estão sempre fechadas para mulheres trans e a única opção como uma maneira de sobreviver é indo para uma esquina fazer programa”, relata.

Apesar das dificuldades, o evento tem por objetivo unir a comunidade LGBTQIA+ para que as pessoas nela inclusas não baixem a cabeça e lutem por seus direitos.

“Meu conselho para as mulheres trans que estão à procura de emprego é não desistir. Lutem com todas as suas forças pra não precisarem ir pelo caminho mais árduo. No fim das contas todo esforço valerá a pena. Não desistam dos seus sonhos. Vamos lutar juntas para quebrar os paradigmas. Imponham respeito, pois merecemos respeito e inclusão. Não admitam menos que isso”, pondera Giane. 

O Grupo Bento Pride

O grupo Bento Pride foi fundado em 2020 com o objetivo de buscar os direitos e o respeito que a comunidade LGBTQIA+ merece. A caminhada foi motivada justamente pelas bandeiras levantadas pelo movimento. “Estava na hora de agirmos juntos e criar algo em que todos pudessem nos ver e ouvir”, explica o presidente do grupo, Willian Vargas.

Conforme o presidente, há a expectativa de que possam ocorrer, em breve, novos eventos com o mesmo cunho. “Este é o começo de tudo. Vamos lutar ainda mais a partir de agora em busca de uma cidade acolhedora e respeitosa. Queremos lutar juntos para que toda forma de amor seja aceita e respeitada”, pondera. 

Para o evento, quaisquer pessoas podem participa. De acordo com a organização, serão respeitados todos os protocolos de prevenção à Covid-19. Mais informações também podem ser obtidas pelo telefone (54) 98425.8134.

O que é LGBTQIA+?

LGBT é uma sigla que significa Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgênero. Em uso desde a década de 1990, o termo é uma adaptação da sigla LGB, que começou a substituir o termo gay em referência à comunidade LGBT mais ampla a partir de meados da década de 1980. A sigla representativa da comunidade já passou por diversas mudanças. Uma vez chamada de comunidade LGBT, atualmente ela já abrange mais letras, e hoje é correspondida pela sigla LGBTQIA+.

Essas mudanças na nomenclatura ocorrem porque a sociedade tem aberto cada vez mais espaço para a discussão em torno da representatividade. Veja o que cada sigla representa:

L: Lésbicas - Mulheres que sentem atração sexual e afetiva por outras mulheres.

G: Gays - Homens que sentem atração sexual e afetiva por outros homens.

B: Bissexuais - Pessoas que sentem atração sexual e afetiva por homens e mulheres.

T: Transexuais - Pessoas que assumem o gênero oposto ao de seu nascimento. Uma identidade ligada ao psicológico, e não ao físico, pois nestes casos pode ou não haver mudança fisiológica para adequação.

Q: Queer - É uma forma de designar pessoas que não se encaixam à heterocisnormatividade, que é a imposição compulsória da heterosexualidade e da cisgeneridade.

I: Intersexo - Pessoas que não se adequam à forma binária (feminino e masculino) de nascença. Ou seja, seus genitais, hormônios, etc, não se encaixam na forma típica de masculino e feminino. 

A: Assexual - Pessoas que não possuem interesse sexual. Por vezes, esse grupo pode ser também arromântico ou não, ou seja, ter relacionamentos românticos com outras pessoas.

+ - O “mais” serve para abranger as demais pessoas da bandeira e a pluralidade de orientações sexuais e variações de gênero.

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