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Dia do Amigo: quantos a gente realmente consegue ter?

De quem você mais se lembra neste 20 de julho?

20/07/2021 às 09h48
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Viva Bem – UOL
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(Reprodução)
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Lá em 1974, Roberto Carlos já cantava que queria ter um milhão de amigos, na música "Eu Quero Apenas", em parceria com Erasmo Carlos. Mas será que é possível ter tantas amizades?

Segundo o antropólogo e psicólogo britânico Robin Dunbar, da Universidade de Oxford, a representação da amizade verdadeira cabe na palma da mão. No livro "Friends: Understanding the Power of our Most Important Relationships" (Amigos: compreendendo o poder de nossos relacionamentos mais importantes, em tradução livre), o especialista concluiu que os humanos têm a capacidade de manter uma média de cinco amizades íntimas.

Ainda nos anos 1990, o britânico constatou que há um limite biológico para o número de amizades que conseguimos manter: 150 pessoas é o tamanho máximo da nossa esfera social. Em geral, nossas amizades seriam distribuídas em quatro círculos de proximidade. No mais próximo cabem apenas cinco pessoas —esses são os nossos melhores amigos, com quem temos muita afinidade, cumplicidade, parceria e total conexão. No segundo círculo são 10; no terceiro, 30, e no quarto pode haver cerca de 100 pessoas (apenas conhecidos —sem afinidade e conexão).

Entretanto, nem todo mundo concorda com essa lógica. A psicóloga Juliane Callegaro Borsa, doutora em psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), acredita que não exista esse "número mágico". Segundo ela, há diferentes variáveis que podem explicar o número de amigos que conseguimos fazer e manter ao longo da vida. "Essas variáveis envolvem desde características individuais (ser mais introvertido ou extrovertido), culturais (viver em sociedades mais individualistas ou coletivistas), estruturais (viver em cidades grandes ou em comunidades rurais, morar em casas ou apartamentos, em lugares quentes ou frios) e familiares (famílias grandes ou pequenas, mais ou menos simbióticas, mais ou menos envolvidas com atividades comunitárias etc.)", explica.

Além disso, em tempos de tamanha conectividade, por causa da internet, estimar o número de amigos que uma pessoa pode ter é complexo. "Obviamente que há um limite de amizades que podemos nutrir, até mesmo por razões logísticas, mas não sabemos ao certo o número e isso muda substancialmente ao longo das décadas e considerando o estilo de vida de cada um", afirma.

Ela também ressalta que é importante a diferenciação entre amigos íntimos e amigos/conhecidos ou ainda colegas e pessoas que temos afinidades ou interesses, mas que não compartilham do nosso tempo e de nossa intimidade. "Cada relação tem seu papel e com certeza os amigos íntimos serão em menos quantidade e mais qualidade que todos os outros", destaca.

Como saber se a relação é uma amizade?
De acordo com Juliane, não existe uma fórmula pronta sobre o que é amizade. "Em linhas gerais, podemos dizer que amizade envolve prontidão e interesse pelo outro, por suas características e necessidades. Envolve empatia, generosidade, capacidade de colocar-se no lugar do outro e prazer em desfrutar da sua companhia", diz.

Para Adriana Nunan, doutora em psicologia clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), amizade é uma relação de troca e inclui gostos e valores em comum, companheirismo, confiança, lealdade, intimidade, respeito, aceitação, admiração e suporte emocional e social. "Talvez o elemento mais importante em uma amizade seja o fato de que amigos de verdade não te julgam, o que não significa, necessariamente, que concordem sempre com o que você faz", enfatiza.

Amizade à primeira vista?
Há várias formas de fazer amizade, mas é possível que você tenha uma relação que surgiu "do nada": você foi apresentado a alguém e logo sentiu que o "santo bateu". É como se algo dentro de você já soubesse, logo de início, que aquela parceria daria certo.

Segundo a neurocientista Ana Carolina Souza, doutora em neurociência comportamental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ao conhecer uma pessoa nova temos no cérebro a liberação de uma resposta de oxitocina, conhecido como o "hormônio do amor". "Isso estaria associado a uma resposta emocional positiva, que favoreceria a criação de vínculos sociais. Essa mesma resposta é observada quando há maior confiança entre as pessoas", explica.

Na opinião da psicóloga Adriana Nunan, pode existir algum tipo de conexão ou "química" à primeira vista, mas amizade verdadeira é algo que só se constrói com o tempo. "Essa conexão pode acontecer em apenas alguns segundos, que é a quantidade de tempo que precisamos para formar uma primeira impressão sobre alguém. Se a impressão for positiva, decidimos se queremos esta pessoa na nossa vida ou não e, a partir daí, uma amizade pode começar a surgir", diz.

Em 2015, uma pesquisa publicada no periódico The Social Science Journal revelou que a possibilidade de viver uma amizade à primeira vista só depende do seu tipo de personalidade. Os resultados mostraram que pessoas simpáticas e extrovertidas são mais propensas a experimentarem essa sensação imediata ao conhecer uma nova pessoa, sobretudo as mulheres, que são socializadas para confiarem mais na sua intuição.

Por que fica mais difícil fazer amigos com o passar do tempo?
Se você já passou dos 30 anos pode ter começado a reparar que fazer novos amigos se tornou uma tarefa bem mais difícil. Pesquisadores das universidades Allto, na Finlândia, e de Oxford, no Reino Unido, confirmaram essa sensação de que com o passar do tempo nosso círculo de contatos se reduz. O estudo concluiu que nossos círculos de amizades atingem seu pico aos 25 anos e, a partir daí, começa uma queda acelerada.

Bárbara Ribeiro, doutora em sociologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explica que nesse período diminuem as relações construídas em comunidades fundamentais na geração de amizade duradoura, como a vizinhança, a escola e a faculdade, por exemplo.

Já por volta dos 30 anos temos uma rotina mais rígida, com uma carga mais alta de trabalho, temos menos tempo, nos sentimos mais cansados e, consequentemente, menos disponíveis para os outros. Isso faz com que tenhamos menos prontidão para conhecer pessoas novas e estabelecer novos vínculos.

Muitas das nossas antigas amizades acabam se perdendo por questões naturais da trajetória de vida (uns se mudam de cidade, outros criam hábitos e rotinas muito distintas das nossas, outras simplesmente parecem não se encaixar na nossa realidade). "Aos 30 somos mais seletivos, mais críticos e tendemos a buscar pessoas mais afinadas com nossos interesses. Os amigos que mantemos acabam sendo em menor número, mas ganhamos qualidade e intimidade nessas poucas relações", destaca.

Sete dicas para cultivar relações de amizade:
A seguir, especialistas listaram algumas dicas de como cultivar bons relacionamentos:

– Invista tempo e energia. Ligue, mande mensagens e faça planos concretos de encontrar a pessoa quando possível. Nesta era digital é muito fácil manter contato e mostrar que você se importa com alguém, mesmo que seja mandando um meme porque lembrou da pessoa;

– Esteja presente para ajudar nas horas ruins e para comemorar nas horas boas;

– Lembre-se dos aniversários e faça questão de comemorar a data, assim como outros eventos importantes na vida do seu amigo. Vale para aniversários de casamento, nascimento de bebês, formaturas, a compra de uma casa ou qualquer outra novidade boa na vida da pessoa;

– Planeje viagens com seu amigo, comemore feriados com ele ou, melhor ainda, crie um evento específico (uma festa, por exemplo) para celebrar a amizade;

– Pratique a escuta ativa. Foque sua atenção no que a pessoa está dizendo e ouça de verdade, sem se preocupar em julgar ou emitir uma opinião;

– Fale sobre seus amigos para outras pessoas, faça apresentações, construa pontes. Seu círculo de amizades só aumentará;

– Expresse gratidão por todos os momentos que acontecem dentro da sua relação de amizade, desde os mais simples até os mais expressivos. Deixe claro o quanto essa pessoa significa para você.

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