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Como o Rio Grande do Sul passou de exemplo a recordista de mortes na pandemia

Especialistas apontam que o Carnaval no litoral gaúcho e catarinense foi um dos motores para a disseminação do vírus em solo gaúcho.

Marcelo Dargelio
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Uol
18/03/2021 às 09h23 Atualizada em 18/03/2021 às 11h05
Como o Rio Grande do Sul passou de exemplo a recordista de mortes na pandemia

O Rio Grande do Sul bateu anteontem mais um recorde indesejado. Foram 501 mortes por covid-19, o maior número desde o início da pandemia. Naquele dia, o estado só ficou atrás de São Paulo, com 679 óbitos, mas que tem uma população quatro vezes maior. Ontem, esse número no estado baixou para 213 mortes em 24 horas, mas ainda está muito alto, enquanto São Paulo teve 617. Como explicar essa situação?

Epidemiologistas afirmam que há vários fatores contribuindo para a disparada nos óbitos e casos confirmados de covid-19. O comportamento das pessoas ao descumprir regras de distanciamento é um deles, mas também há influência da nova variante do vírus, a P1, mais agressiva e que acomete pessoas mais jovens. O Carnaval é apontado como um dos motores para a disseminação do vírus em solo gaúcho. Na época, muitas pessoas aproveitaram os dias de folga no litoral. Parte delas se aglomeraram nas praias de maneira despreocupada e acabaram contraindo a doença. Sem sintomas, algumas passaram a covid adiante em suas cidades de origem. "Houve muita circulação de pessoas e as praias concentraram pessoas de diversas partes do estado. Isso provocou o espalhamento da doença para as cidades", diz o doutor em epidemiologia e professor da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) Paulo Petry.

Na época, a situação da covid já era preocupante, mas piorou. Dez dias após o Carnaval, todo o território gaúcho foi considerado como gravíssimo para covid-19, instaurando a bandeira preta em todo o estado. É a fase vigente até hoje. A classificação indica altíssimo risco para esgotamento da capacidade hospitalar e alta velocidade de disseminação do vírus. Desde então, atividades consideradas não essenciais não podem funcionar.

Outras estatísticas demonstram o agravamento da pandemia. A fila de espera por um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) chegava a 298 pessoas, enquanto 3.492 ocupavam vagas. O epidemiologista Pedro Hallal lembra que, até agosto do ano passado, o Rio Grande do Sul era considerado exemplo no combate à doença. "O governo estava muito atento às medidas, tanto que foi o primeiro a criar o modelo de distanciamento social, que tinha um dos índices mais altos de obediência em relação aos outros estados", destacou o epidemiologista.

Hallal compara o cenário positivo às sucessivas vitórias de um time. Ele analisa que o alto número de mortes não se deve à falta de oxigênio, como aconteceu em Manaus, mas pela falta de leitos e de profissionais para atender a tantos pacientes. "Hoje não tem pessoal suficiente para operar cada leito. E também não tem como criar leitos infinitamente", afirma o professor.

Petry avalia que, como a nova variante atinge pessoas mais jovens, o tempo de permanência nos leitos acaba ficando maior. "Quem é mais jovem tem um sistema de defesa mais forte, resiste mais tempo à doença e, por isso, fica mais tempo internado. Aqueles que já estavam esperando por leitos acabam ficando mais tempo sem vaga, o que compromete o estado de saúde", avalia.

A situação não se restringe ao Rio Grande do Sul. Os outros dois estados da região Sul também enfrentam aumento de mortes e casos confirmados por covid. Ontem, os três governadores anunciaram a formação de um consórcio para compra de insumos, como remédios e oxigênio, para evitar o desabastecimento. Também há a possibilidade de transferência de pacientes dentro da região Sul.

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