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Polícia Federal indicia 17 pessoas por desvio de R$ 340 milhões de hospitais

Organização social teria usado dinheiro público para viagens de luxo, salários fictícios e empresas de fachada.

Marcelo Dargelio
Por: Marcelo Dargelio Fonte: G1 RS
30/12/2025 às 10h45 Atualizada em 30/12/2025 às 13h09
Polícia Federal indicia 17 pessoas por desvio de R$ 340 milhões de hospitais

A Polícia Federal (PF) investiga um esquema milionário de desvio de recursos públicos da saúde que atuava no Rio Grande do Sul e em São Paulo, envolvendo uma organização social responsável pela gestão de unidades de saúde. Ao todo, 17 pessoas foram indiciadas por suspeita de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Segundo as investigações, o esquema operava por meio do Instituto Riograndense de Desenvolvimento Social Integrado (IRDESI), entidade que administrava postos de saúde nos municípios de Jaguari (RS) e Embu das Artes (SP) até novembro deste ano. Entre 2022 e 2025, o instituto recebeu R$ 340 milhões em recursos públicos.

Presidente preso e suspeita de coação de testemunhas

O principal alvo da investigação é o presidente do instituto, Humberto Silva Baccin, preso preventivamente no fim de novembro durante operação da PF. Ele está detido no Complexo Penitenciário Ahmenon Lemos Dantas, em Várzea Grande (MT).

Na última terça-feira (23), agentes da Secretaria de Justiça do Mato Grosso apreenderam dois celulares que, segundo a PF, eram utilizados por Humberto para coagir testemunhas e interferir nas investigações, mesmo após a prisão. A informação consta em relatório obtido pelos investigadores.

Familiares na folha de pagamento sem trabalhar

Entre os indiciados estão a esposa de Humberto, Maíne Baccin, e a ex-companheira, Tássia Nunes. De acordo com a PF, ambas constavam na folha de pagamento do IRDESI com salários de até R$ 23 mil, sem exercer qualquer função.

A investigação aponta ainda que aluguéis e despesas pessoais, incluindo um apartamento em Balneário Camboriú (SC), teriam sido pagos com recursos desviados da saúde pública.

A defesa de Tássia Nunes afirma que não há provas de que ela tivesse conhecimento sobre irregularidades, destacando que ela não participava de decisões administrativas, financeiras ou operacionais do instituto. Alega ainda que o casal está separado há quase dois anos, o que afastaria qualquer vínculo atual com o esquema.

Viagens internacionais e gastos de luxo

Reportagem exibida no programa Fantástico, da TV Globo, mostrou vídeos de viagens internacionais de Humberto com a atual esposa, incluindo cruzeiros temáticos, viagens à Europa e um noivado com espumante em frente à Torre Eiffel.

Segundo a PF, os gastos teriam sido pagos com cartão de crédito do próprio instituto, incluindo despesas com hotéis, passagens aéreas e produtos de luxo.

Em áudios interceptados, Humberto comenta gastos elevados, como a compra de uma bolsa de R$ 30 mil, e compara suas despesas com as de terceiros. Em uma das gravações, afirma: “Uma viagem equivale a dois carros zero”.

Empresas de fachada e serviços inexistentes

Para justificar a saída dos recursos, o IRDESI declarava pagamentos por serviços que, segundo a PF, nunca foram executados. Uma das empresas investigadas é a Valquíria Serviços, que receberia R$ 260 mil por mês para manutenção de um hospital em Embu das Artes.

No endereço informado da empresa, em Porto Alegre, a reportagem encontrou apenas casas simples em um beco da Vila Cruzeiro do Sul. A empresa está registrada em nome de Valquíria Silva Nogueira, ex-cozinheira de uma empresa ligada a Humberto, também indiciada por peculato.

Outra empresa citada é a Campi, da qual Humberto seria proprietário. Mensagens obtidas pela PF levantam suspeitas de direcionamento de licitações envolvendo a Fundação de Proteção Especial (FPE), ligada à Secretaria de Desenvolvimento Social do RS, com possível participação de servidor público.

Impacto direto na saúde pública

Para os investigadores, o esquema teve impacto direto no funcionamento de serviços de saúde, retirando recursos que deveriam ser destinados a atendimentos, manutenção de estruturas e pagamento de profissionais.

A Polícia Federal segue analisando documentos, contratos e movimentações financeiras. O caso também levanta questionamentos sobre os modelos de terceirização da gestão da saúde pública e os mecanismos de fiscalização de organizações sociais que recebem recursos milionários do Estado.

As defesas dos citados foram procuradas. Parte delas afirma confiar no esclarecimento dos fatos durante o processo judicial.

 

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