
O que antes parecia exagero de pescador agora tem se tornado fato registrado em fotos, vídeos e números impressionantes. Um exemplo disso é a façanha do pescador Roberto do Carmo, de 53 anos, que fisgou um pirarucu de 2,5 metros e 160 quilos no dia 28 de novembro, no Rio Marinheiro, afluente do Rio Grande, em Cardoso, interior de São Paulo.
O peixe colossal foi retirado da água com a ajuda de colegas, depois de 45 minutos de briga, em uma captura que exigiu técnica, paciência e força. “Olha o tamanho desse peixe. Tem mais de um palmo só de boca”, comentou Roberto ao ver o gigante emergir.
Pescador há 30 anos, Roberto ficou famoso justamente pela pescaria de pirarucus — peixe amazônico que passou a aparecer no Rio Grande nos últimos dez anos, como espécie invasora. A pesca é liberada, já que o animal ameaça o equilíbrio da fauna local.
“Peguei os primeiros há seis anos e, de lá para cá, foram mais de 100, mas este é o maior já pescado por aqui”, contou. Seu recorde anterior, um peixe de 115 quilos, também era dele.
O pescador mantém um canal no YouTube em que se apresenta como “Rei do Pirarucu”, e foi lá que publicou as imagens da captura, rapidamente compartilhadas nas redes sociais. Nas fotos, Roberto parece pequeno ao lado do peixe — famoso por suas escamas grandes e avermelhadas, característica marcante da espécie.
Roberto conta que arremessou a linha em um remanso próximo à ponte de Cardoso, perto da foz do Marinheiro com o Rio Grande. O enorme pirarucu acabou fisgando justamente a vara com a linha mais fina.
“Achei que a tralha não ia aguentar, por isso fui cansando o peixe. Mas ele também me cansou”, brinca. Após a luta, ele percebeu que o peixe não cabia no barco e decidiu rebocar até a margem.
O pirarucu fisgado por Roberto impressiona até mesmo quem conhece a espécie: exemplares amazônicos acima de 3 metros e 200 quilos são raríssimos, e dificilmente vistos longe da região Norte.
Vivendo da pesca, Roberto comercializou o peixe, que rendeu mais de 100 quilos de filé, vendidos a R$ 40 o quilo. “Um preço bom para a região, assim todos puderam comprar”, explica.
Se antes histórias de pescador eram sinônimo de fantasia e exagero, capturas como essa mostram que, ao menos no caso do pirarucu, a realidade não só acompanha como supera as narrativas tradicionais.
Peixes gigantes, câmeras sempre à mão e pescadores experientes estão transformando o imaginário das pescarias brasileiras. E Roberto do Carmo, com seus recordes, vídeos e gigantes que tira da água, é prova viva de que as histórias de pescador nunca foram tão reais.